A prisão do ex-ministro Milton Ribeiro, suspeito de participar de um balcão de negócios no MEC, traz duas más notícias para Jair Bolsonaro.
A primeira é a volta do escândalo ao noticiário a menos de quatro meses da eleição presidencial.
Em março, Bolsonaro disse que botaria a “cara no fogo” pelo pastor. Agora terá que explicar o envolvimento de um auxiliar próximo num esquema de cobrança de propina em troca da liberação de verbas federais.
O caso fragiliza ainda mais o discurso de que não há corrupção no governo, já desmentido em casos como a negociata das vacinas no Ministério da Saúde.
A segunda má notícia para Bolsonaro é a constatação de que a Polícia Federal não está completamente neutralizada pelo Planalto.
Nos últimos anos, o presidente interferiu abertamente na PF, trocando delegados e superintendentes responsáveis por investigações que envolviam seus filhos e amigos.
Isso o ajudou a abafar inquéritos com alto potencial de dano para a sua candidatura à reeleição.
Ao prender o ex-ministro bolsonarista, a PF mostra que não está 100% dominada pelo capitão.
Além das duas más notícias, a operação desta quarta-feira traz um lembrete para Bolsonaro.
Ribeiro foi preso menos de três meses depois de perder o cargo e o foro privilegiado. Se for derrotado nas urnas, o presidente também ficará sem blindagem a partir de 1º de janeiro de 2023.