Estreia em cinemas de todo o País, na quinta-feira, 16, o filme “Amigo Secreto”, da diretora Maria Augusta Ramos. Em produção desde 2019, o documentário acompanha o trabalho de quatro jornalistas que atuaram na cobertura da Vaza Jato.
A série de reportagens realizada por um pool de veículos comprovou o que muitos suspeitavam desde o início da Lava Jato: a força-tarefa de procuradores agia em conluio ou sob a batuta do ex-juiz com o intuito de remover Lula das eleições de 2018, mesmo que isso custasse a violação do sistema democrático de direito.
Em entrevista exclusiva ao jornalista Luis Nassif, para a TVGGN, Guta Ramos falou que sua intenção não era fazer um filme sobre o vazamento de conversas do Telegram, mas sim uma releitura a partir das investigações dos jornalistas que ousaram destoar da cobertura da grande mídia, por anos alinhada aos interesses da Lava Jato.
Para a cineasta, a Lava Jato “era uma máquina de produzir notícias, caos e confusão, para que não se chegasse à essência da coisa – que, no caso do presidente Lula, era um absurdo”, disse ela, em referência às ações penais abertas contra o ex-presidente, todas alicerçadas em delações sem provas.
“O filme tenta refletir não só sobre fazer uma releitura da Vaza Jato, mas também sobre as consequência da Vaza Jato para a democracia, a economia brasileira, o que estamos vivendo hoje em termos da ascensão da extrema-direita”, comentou.
A jornalista Carla Jimezes, ex-diretora de El País, uma das personagens do documentário, também participou da entrevista. Na visão de Jimenez, a imprensa brasileira mergulhou em uma era muito intensa de transmissão de informações e a preocupação em dar furo de reportagens levou muitos profissionais a fazer uma cobertura pouco crítica da Lava Jato.