Investigadores que atuam no caso do desaparecimento do indigenista Bruno Pereira, 41, e do jornalista britânico Dom Phillips, 57, afirmam sob a condição de anonimato que as novas evidências e provas do caso —em especial a localização de pertences submersos no rio Itaquaí— reforçam a hipótese de que as atividades ilegais de pesca e a caça na região são o pano de fundo do sumiço dos dois, segundo a Folha.
Integrantes da Polícia Federal e da Polícia Civil no Amazonas também disseram, reservadamente, que as investigações ampliaram o número de suspeitos.
Dessa forma, há outras pessoas investigadas além de Amarildo Oliveira, o Pelado, preso em Atalaia do Norte (AM) por possível participação no desaparecimento. A prisão decretada pela Justiça do Amazonas é temporária, de até 30 dias. A família de Pelado diz que ele é inocente.
As autoridades não forneceram os nomes de quem são os novos suspeitos. A PF e a Polícia Civil vêm conduzindo as investigações, que correm sob sigilo.
Pereira e Phillips desapareceram em 5 de junho, um domingo, durante retorno a Atalaia pelo rio Itaquaí e após passarem por comunidades ribeirinhas. Eles faziam um trabalho de campo na região do Vale do Javari, fora da terra indígena de mesmo nome.
Na Polícia Civil, o entendimento é que a localização dos pertences de Pereira e Phillips, amarrados num igapó (área de mata inundada por água, à margem do rio), reforça a hipótese de que houve um crime.
A motivação mais provável, dizem investigadores, é o constante conflito entre pescadores ilegais e lideranças que atuam em defesa do território indígena —o local do desaparecimento fica a poucos quilômetros da entrada da Terra Indígena Vale do Javari.
Policiais também investigam um suposto financiamento da atividade ilegal de pesca e caça pelo narcotráfico na região, um problema comum em praticamente toda a tríplice fronteira do Brasil com Peru e Colômbia.
Se for confirmada a conexão com tráfico internacional de um eventual crime, o caso passará a ter natureza federal e será investigado somente pela PF.