Grupo armamentista oferece apoio a candidatos em troca de cargos no Congresso

Compartilhe

Movimento Proarmas apoia mais de 50 nomes nas eleições deste ano.

O maior grupo armamentista do Brasil tem oferecido apoio a candidatos que querem disputar uma vaga no Congresso em troca de cargos dentro dos gabinetes. A afirmação é do próprio presidente do Proarmas, Marcos Pollon, em vídeo publicado nas redes sociais, segundo a Folha.

A entidade se autointitula um movimento pela busca do “direito fundamental” da legítima defesa e apoia mais de 50 pré-candidatos a diferentes cargos na eleição de outubro, incluindo senador, governador, e deputado estadual e federal. Em comum, todos são favoráveis à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) —entusiasta do armamento da população.

​Pollon disse, em um vídeo publicado no Youtube em abril, querer “conduzir a pauta de armas” de dentro dos gabinetes.

“O que que eu pedi? O que eu pedi não, qual é a exigência do Proarmas para todos os candidatos que nós apoiamos? Uma vaga no gabinete. Para quê? Para ter o monitoramento para que esse tipo de coisa não aconteça. Vai ter um cara nosso lá monitorando e fazendo o briefing de como é que a ideologia e o que o Proarmas pensa dessa pauta”, afirma ele no vídeo.

“Segundo ponto: nós pedimos para todos os candidatos a assessoria jurídica do gabinete porque nós queremos conduzir a pauta de armas do gabinete. Então projetos de lei, manifestações, nós queremos fazer”, disse Pollon, na ocasião.

Procurado, ele não respondeu. Filiado ao PL, o presidente do Proarmas deve disputar uma vaga na Câmara dos Deputados pelo Mato Grosso do Sul na eleição de outubro.

No site do grupo armamentista, Pollon se apresenta como advogado, professor de direito e especialista em legislação de controle de armas. Também se diz “pró-Deus”, “pró-vida” e “pró-armas”, além de fundador de uma academia de direito processual no Mato Grosso do Sul e de um instituto conservador no mesmo estado.

O Proarmas tem representantes em todos os estados e atua, principalmente, em benefício dos CACs (caçadores, colecionadores e atiradores). O movimento possui 1.500 voluntários. No total, há mais 50 mil associados, entre membros gratuitos e contribuintes.

No mesmo vídeo no Youtube, Pollon afirma que a intenção é chegar a 1 milhão de associados e formar um partido político.

Entre os pré-candidatos endossados pelo Proarmas estão nomes conhecidos no bolsonarismo, como o senador Jorginho Mello (PL-SC), a deputada Bia Kicis (PL-DF) e o ex-senador Magno Malta (PL-ES).

Também figuram na lista quadros que integraram o governo Bolsonaro, como Mario Frias (PL, ex-secretário de Cultura) e Rogério Marinho (PL, ex-ministro do Desenvolvimento Regional).

Questionados, os pré-candidatos apoiados pelo grupo armamentista negaram existir a negociação citada por Pollon.

“Eu jamais aceitaria e não acredito que ele tenha dito isso”, disse Mario Frias, que se prepara para disputar uma vaga de deputado federal por São Paulo.

O senador Jorginho Mello (PL), pré-candidato ao governo de Santa Catarina; e o ex-deputado Carlos Manato (PL), pré-candidato ao governado do Espírito Santo, também disseram não ter participado desse tipo de negociação.

“Eu nunca estive com Pollon, tenho contato com o coordenador estadual do Proarmas e nunca negociei cargo com nenhum deles. Temos a mesma filosofia do Proarmas e frequentamos clubes de tiros. A promessa do meu governo é que os policiais possam treinar de graça nesses clubes”, afirmou Manato.

“Nunca houve negociação. Sou CAC, natural eu apoiar o Proarmas e eles me apoiarem”, argumentou, por sua vez, a deputada Bia Kicis.

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

%d blogueiros gostam disto: