Fome atinge 33,1 milhões de brasileiros, maior índice desde 1993. Para pesquisador, faltam políticas públicas de combate à pobreza e à miséria que nos governos Lula reduziram a fome a apenas 4,2% dos lares brasileiros, segundo a Forum.
O governo Jair Bolsonaro (PL) levou o Brasil de volta ao mapa da fome, que hoje atinge 33,1 milhões de pessoas – número superior a de 1993, quando 32 milhões não tinham o que comer. Estudo da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN) divulgado nesta quarta-feira (8) revela ainda que mais da metade da população convive com algum tipo de insegurança alimentar.
De acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, 58,7% dos brasileiros não têm acesso a uma alimentação adequada devido à renda. Em números absolutos, são 125,2 milhões de brasileiros nessas condições, aumento de 7,2% em relação a 2020, início da pandemia de Covid-19.
No Nordeste, esse a insegurança alimentar atinge 71,6% da população e no Norte 68% – cerca de 7 a cada 10. A fome fez parte do dia a dia de 25,7% das famílias na região Norte e de 21% no Nordeste. A média é de aproximadamente 15% no Sudeste e 10% no Sul.
Segundo dados do IBGE, a insegurança alimentar caiu drasticamente desde 2004, segundo ano do primeiro mandato do governo Lula. À época, atingia 34,9% das famílias, caiu para para 30,2% em 2009 e atingiu 22,6% em 2013.
“Já não fazem mais parte da realidade brasileira aquelas políticas públicas de combate à pobreza e à miséria que, entre 2004 e 2013, reduziram a fome a apenas 4,2% dos lares brasileiros. As medidas tomadas pelo governo para contenção da fome hoje são isoladas e insuficientes, diante de um cenário de alta da inflação, sobretudo dos alimentos, do desemprego e da queda de renda da população, com maior intensidade nos segmentos mais vulnerabilizados”, avalia Renato Maluf, Coordenador da Rede PENSSAN.
Negros e mulheres são os mais atingidos pela fome
Segundo o estudo, enquanto a segurança alimentar está presente em 53,2% dos domicílios onde a pessoa de referência se autodeclara branca, nos lares com responsáveis de raça/cor preta ou parda ela cai para 35%. Em outras palavras, 65% dos lares comandados por pessoas pretas ou pardas convivem com restrição de alimentos em qualquer nível.
Comparando com o 1º Inquérito Nacional da Rede PENSSAN, de 2020, em 2021/2022, a fome saltou de 10,4% para 18,1% entre os lares comandados por pretos e pardos.
As diferenças também são expressivas na comparação entre os lares chefiados por homens e os lares chefiados por mulheres no período dos dois Inquéritos da Rede PENSSAN. Nas casas em que a mulher é a pessoa de referência, a fome passou de 11,2% para 19,3%. Nos lares que têm homens como responsáveis, a fome passou de 7,0% para 11,9%. Isso ocorre, entre outros fatores, pela desigualdade salarial entre os gêneros.
Leia a síntese do estudo no site da Rede Penssan