Secretário nacional de Justiça, José Vicente Santini foi demitido do governo em janeiro de 2020 por usar jatinho, mas logo voltou.
Amigo do peito dos filhos do presidente Jair Bolsonaro e do próprio presidente da República, José Vicente Santini tornou-se uma figura conhecida no início de 2020.
Ele era o número dois do então ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, quando veio a público a notícia de que pedira um jatinho da Força Aérea Brasileira para voar da Suíça, onde havia participado do Fórum Econômico Mundial, para a Índia, onde Bolsonaro cumpria uma agenda oficial.
O episódio deixou exposto o discurso do presidente, que desde a campanha eleitoral bradava contra os privilégios e os excessos de ocupantes de cargos públicos. Não restou alternativa. A contragosto, Jair Bolsonaro teve de demitir Santini.
“Inadmissível o que aconteceu. Já está destituído da função de executivo do Onyx. Destituído por mim. Vou conversar com Onyx para decidir quais outras medidas podem ser tomadas contra ele. É inadmissível o que aconteceu, ponto final”, declarou Bolsonaro na ocasião.
Em razão de sua intimidade com o clã presidencial — especialmente com Flávio e Eduardo Bolsonaro, os filhos 01 e 03 do presidente –, não demorou para que Santini fosse reacomodado no governo.
Oito meses depois, ele foi nomeado assessor especial do então ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente. Na sequência, voltou a despachar no Palácio do Planalto, de novo como número dois de uma pasta com status de ministério: passou a secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, que serve diretamente ao gabinete do presidente da República.
Em agosto do ano passado, Santini mudou novamente de posto. Até hoje, ele é o secretário nacional de Justiça, um dos mais prestigiosos cargos do poderoso Ministério da Justiça.
Entre as muitas atribuições da secretaria está, por exemplo, a coordenação das políticas oficiais de combate à corrupção e à lavagem de dinheiro.
No início deste ano, já na cadeira de secretário de Justiça, Santini fez um negócio imobiliário de respeito. Junto com sua mulher, jornalista, ele comprou uma casa em uma das áreas mais valorizadas do Lago Sul de Brasília por nada menos que R$ 6,7 milhões de reais.
Como parte do pagamento, Santini deu em troca, ao preço de R$ 4,2 milhões, uma cobertura de 324 metros quadrados que havia comprado em outro bairro nobre de Brasília, o Noroeste. A cobertura tinha sido adquirida em abril de 2020, três meses após ser exonerado da Casa Civil por causa do episódio do jatinho.
Para completar o valor da casa, a mulher do secretário pagou outros R$ 2,5 milhões. A escritura registra que essa diferença foi para a conta do proprietário anterior do imóvel por meio de uma transferência bancária.
A casa comprada por Santini fica em um condomínio fechado localizado na mesma região do Lago Sul onde está a mansão recém-adquirida por Flávio Bolsonaro por R$ 5,9 milhões.
*Com informações do Metrópoles