Eleições na Colômbia são marcadas por violência e podem diminuir influência dos EUA na região

Eleições na Colômbia são marcadas por violência e podem diminuir influência dos EUA na região

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Aliado estratégico da Casa Branca na América Latina, país pode eleger chapa progressista pela primeira vez na história.

A Colômbia está prestes a eleger um novo chefe de Estado e a campanha eleitoral foi marcada pelo aumento da violência e das tensões sobre a realização do pleito em todo o país. No próximo domingo (29), cerca de 39 milhões de pessoas estão habilitadas a eleger presidente e vice para os próximos quatro anos. De acordo com a Fundação Paz e Reconciliação (Pares), entre 13 de março e 13 de maio, 222 pessoas foram vítimas de violência eleitoral na Colômbia, sendo 29 assassinatos e 193 ameaças.

“Temos um ambiente bastante tenso, complexo, que mostra como atuam os fatores reais de poder. Grupos políticos e econômicos, que dirigiram o país especialmente nos últimos 25 anos e desenvolveram a chamada uma doutrina de segurança democrática — um eufemismo para a doutrina do inimigo interno — autorizando uma incidência enorme dos EUA na direção política do país”, afirma a ex-prefeita de Apartadó e defensora de direitos humanos, Gloria Cuartas Montoya.

Segundo levantamento do Instituto de Desenvolvimento da Paz (Indepaz), somente em 2022 foram registradas 42 chacinas em todo o país e, após seis anos da assinatura dos Acordos de Paz, 1.624 ex-combatentes e líderes comunitários foram assassinados.

“Durante todos os processos de paz na Colômbia, o governo de turno sempre garante às elites colombianas que não irá transformar nem o modelo econômico e nem a doutrina de segurança militar. Essas duas condições fizeram com que não pudéssemos avançar em diversos conflitos, pelo contrário, os aprofundaram”, destaca Montoya, eleita uma das 60 mulheres que mais trabalhou pela paz mundial, em 2007, pela Unesco.

Apenas 28% dos pactos estabelecidos nos Acordos de Havana, criados no marco do acordo de paz com as FARC-EP, foram implementados até o final de 2021, segundo estudo do Instituto Kroc, vinculado à Universidade de Notre Dame. O ano passado também foi o mais violento nos últimos 20 anos, com o registro de 96 chacinas, com 338 vítimas, segundo o Indepaz.

Na última semana, o senador da coalizão Pacto Histórico, Paulino Riascos, sofreu um atentado. Na região sul-ocidente do país foram difundidos panfletos do grupo paramilitar Águias Negras ameaçando assassinar aqueles que fizessem campanha para a chapa progressista, faltando cinco dias para as eleições.Também houve uma série de denúncias de ameaças de morte contra Petro e Francia durante a campanha eleitoral, o que levou à suspensão de atividades na zona cafeeira do país.

Por conta deste histórico, segundo o poder eleitoral colombiano, Gustavo Petro tornou-se uma das dez pessoas mais custodiadas pela Polícia Nacional.

*Com Brasil de Fato

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