Parlamentares estavam acostumados com estrutura partidária maior no PSL.
A chegada dos bolsonaristas ao PL tem causado conflitos na Câmara. Os que são egressos do antigo PSL, acostumados com a estrutura de um partido que elegeu 52 deputados, precisam agora se adaptar a outro que elegeu 33 e abriga atualmente 77, segundo a Folha.
As comissões temáticas têm apresentado os principais pontos de atrito. Bolsonaristas reclamam que, antes, tinham à disposição um assessor de regimento e outro de mérito para cada um dos colegiados. No PL, é apenas um auxiliar para cada comissão.
Além disso, são apenas 38 vagas em comissões, número insuficiente para abrigar todos. Ainda houve briga porque duas cadeiras na Comissão de Direitos Humanos foram cedidas para a a oposição, após ninguém manifestar interesse. Quando foram reclamar, o acordo já havia sido firmado com PT e PSOL.
Nos bastidores, os deputados se preocupam também com a distribuição dos recursos do fundo eleitoral para suas campanhas. A expectativa é que o PL tenha cerca de R$ 280 milhões para arcar a campanha do presidente Jair Bolsonaro e dos demais candidatos.
Exemplo desse atrito é o deputado Tiririca (PL-SP), histórico puxador de votos do partido. Nas últimas eleições, chegou a ameaçar não concorrer, mas acabou convencido pela legenda, que contava com seus votos para fazer uma grande bancada.
Agora, o PL cedeu o seu número na urna para Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e o deputado-palhaço afirmou ao jornal O Globo que se sentiu desrespeitado e não deve concorrer.
A cúpula do PL aposta que Tirirca voltará atrás, como fez em 2018. Longe dos palcos há muitos anos, acreditam que ele teria dificuldade de encontrar outra fonte de renda caso desista de ser deputado.
O PL tenta se adaptar à nova realidade. O partido alugou uma mansão no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, para abrigar parte da administração do partido e atender também à campanha presidencial. O imóvel tem 740 m² de área construída e conta até com adega e sauna.