Levantamento feito com base nos documentos entregues ao STF aponta que apenas R$ 11 bilhões de um total de R$ 36,4 bilhões foram integralmente mapeado.
Apesar da determinação da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber para que o Congresso Nacional desse transparência às indicações do orçamento secreto, a origem de 70% dos recursos das chamadas emendas de relator continua sendo um mistério. Um levantamento feito pelo GLOBO nos documentos entregues pelo Senado à Corte aponta que apenas R$ 11 bilhões de um universo de R$ 36,4 bilhões foram integralmente mapeados, ou seja, identificados os responsáveis pelas destinações e as cidades beneficiadas.
O orçamento secreto, que tem como base as emendas de relator ou RP-9, é o instrumento por meio do qual parlamentares destinavam recursos das União sem serem identificados. Os políticos agraciados com a verba eram escolhidos pelo governo, sem critérios claros de seleção, em troca de apoio no Congresso.
Após a ordem do Supremo, a pedido do presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, deputados e senadores enviaram tabelas identificando quanto e para onde enviaram as fatias a que tiveram direito do orçamento secreto. Os documentos trazem informações de 404 dos 594 congressistas. Outros 190 não prestaram contas.
Ao todo, 173 deputados e 17 senadores não responderam. Em contrapartida, 340 deputados e 64 senadores remeteram ofícios informando as emendas às quais tiveram direito de apadrinhar. Pelo menos 54 deles declararam não terem sido contemplados com essa modalidade de repasse, sem transparência.
Dentre os congressistas que responderam, 31 deles enviaram ofícios ao presidente do Congresso com informações genéricas, que não detalhavam valores das emendas de relator que apadrinharam. Um dos que adotou tal estratégia foi o ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre, que capitaneou o processo de distribuição dos recursos de RP-9 durante o período em que esteve no comando da Casa.
*Com O Globo