Desembargador ordena despejo de famílias sem-terra atacadas por grileiros no DF

Desembargador ordena despejo de famílias sem-terra atacadas por grileiros no DF

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Determinação atende grileiros e fazendeiros que atearam fogo em acampamento do MST em Planaltina. Famílias não têm para onde ir.

O desembargador Alfeu Machado, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF), determinou nesta sexta-feira (6) o despejo das 300 famílias sem-terra da ocupação Ana Primavesi, no núcleo rural Rio Preto, em Planaltina. A decisão de segunda instância deverá ser cumprida imediatamente. As famílias ainda não têm um local exato para ir. A decisão atende fazendeiros e grileiros que atearam fogo no acampamento ontem e hoje, deixando feridos.

Ao longo da ocupação, o grupo numeroso praticou uma série de ataques. Além dos incêndios, rojões e outras formas de ameaça foram direcionadas às famílias sem-terra. Na quarta-feira, uma mulher apresentou quadro de hipertensão devido aos ataques. Ontem, uma mulher ficou ferida e outra teve queimaduras por causa de rojões disparados pelos fazendeiros e o incêndio provocado perto das famílias.

ea, que havia sido ocupada no último sábado (30), é pública e vem sendo alvo de especulação imobiliária por parte de grileiros, prática que se alastra por todo o Distrito Federal, segundo informa a coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

O terreno ocupado faz parte de um complexo de médias fazendas, todas em áreas públicas, há anos exploradas e vendidas ilegalmente por setores do agronegócio da região, cumprindo um papel que estimula a grilagem de terras públicas no DF. Há denúncias de que mananciais estavam sendo contaminados pelo uso de agrotóxicos. O objetivo da ocupação foi denunciar o caso e exigir a retomada da criação de novos assentamentos da reforma agrária.

Ordem de despejo será cumprida

Desde que as famílias entraram na área, fazendeiros da região se organizaram para bloquear o fornecimento de água e comida aos trabalhadores sem terra. Apesar de decisão judicial publicada na última quarta-feira, ordenando o fim do bloqueio, eles seguiram com a ação criminosa. A Polícia Militar, que desde então acompanha a situação, não cumpriu a ordem judicial de desobstrução.

Segundo Adonilton Rodrigues, da direção local do MST, as famílias sem terra obedecerão a ordem de despejo e deixarão o local. “Ao contrário dos fazendeiros, que não cumpriram a ordem judicial de desobstruir a via de acesso à ocupação, sairemos para, inclusive, demonstrar quem, de fato, segue a lei”, afirmou.

Para o dirigente, tanto o Poder Judiciário como a Polícia Militar estão se mostrando mais ágeis para garantir o direito à propriedade privada dos fazendeiros do que assegurar o acesso à água e comida das famílias. “Desde o último sábado temos dificuldade de acesso a estes itens básicos. No entanto, a PM, que estava o tempo todo no local, nada fez contra os fazendeiros para garantir que as famílias pudessem se alimentar”, concluiu.

De acordo com o MST, parlamentares aliados e apoiadores se reuniram com órgãos públicos na tentativa de solucionar o caso e buscar outro destino para as famílias. No entanto, o governo do Distrito Federal não foi célere o suficiente para resolver a questão e evitar o despejo.

*Com RBA

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