Bolsonaro vive uma tempestade perfeita. Pior, todos os medicamentos que tem usado para estancar a crise, tem efeitos colaterais piores que a própria crise, anabolizando ainda mais o estado de combustão em que o país de encontra.
Ao contrário do que muita gente diz, o ângulo com que Bolsonaro enxerga a crise, está cada vez mais fechado e seu estado de debilidade política fica bem mais evidente, como bem pontuou Gilmar Mendes.
Ou seja, diante de tantos distúrbios, inclusive de uma guerra interna entre Centrão e militares, a hipersensibilidade de Bolsonaro foi a mil, fazendo com que seu fardo ganhasse peso e apetite.
Na verdade, Bolsonaro não sabe usar as instituições para debelar a crise e, com isso, aroma fétido vai exalando pelos poros do próprio governo.
Certamente, alguém recomendou que ele fizesse uma visita a Sarney sem que a imprensa tivesse acesso ao assunto. Mas não deixa de ser emblemática a imagem de Sarney virando a cereja do bolo, já que antes, no dia 7 de setembro, quando vinha anunciando um golpe, Bolsonaro viu a corrente da água se avolumar contra ele e, mais do que buscar orientação com Temer, apelou para que ele dobrasse Alexandre de Moraes, prometendo um outro relacionamento com o ministro do STF para não talhar ainda mais o que já estava azedo.
O fato é que o sistema nervoso central do governo Bolsonaro entrou em pane, bateu biela, estourou o cabeçote e a máquina governamental está fumando mais que aqueles tanques que roubaram a cena no episódio em que Bolsonaro quis mostrar força, exagerando na dose da piada pronta.
Procurar Sarney como um cirurgião dentista a essa altura da dor de um dente apodrecido, mostra que Bolsonaro já entrou no modo alucinação. Ele ainda indica que, não conseguindo avançar vírgula de forma concreta, diante de Lula nas pesquisas, começa a sentir os primeiros sintomas de uma anorexia política que sofrerá até outubro de forma galopante.