Análise Datafolha SP: Haddad se consolida entre jovens, na capital e na classe média

Análise Datafolha SP: Haddad se consolida entre jovens, na capital e na classe média

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O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) aparece em primeiro lugar na última pesquisa Datafolha, com entrevistas realizadas nos dias 5 e 6 de abril, tanto na situação 1, com a presença de Marcio França (PSB), como na situação 2, sem a presença do candidato do PSB.

Vamos focar mais na situação 1, com Marcio França, porque ela nos permite apurar com mais clareza o voto “duro” naqueles que, ao que tudo indica, serão os nomes mais prováveis no segundo turno das eleições para o governo de São Paulo: Haddad e Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos, apoiado por Bolsonaro).

Mas também iremos analisar o que a pesquisa aponta sobre a migração dos votos de Marcio França, no caso dele retirar seu nome da disputa.

Estimulada

Na situação 1, portanto, Fernando Haddad pontua 29%, contra 20% de Marcio França, 10% de Tarcísio e 6% de Garcia.

O petista lidera em quase todos os segmentos, mas seu desempenho é particularmente bom entre jovens até 24 anos (entre os quais pontua 41%), eleitores com ensino superior (34%) e com renda acima de 10 salários (36%).

Os eleitores com renda familiar acima de 10 salários representam apenas 3% do eleitorado paulista, mas é um segmento barulhento, e o bom desempenho de Haddad junto a esses eleitores ajuda a abrir algumas portas importantes, tanto para sua campanha ao governo estadual, como para a campanha de Lula à presidência, sobretudo porque pode neutralizar focos perigosos de antipetismo, que costumam germinar sobretudo nessas esferas.  Na situação 2, sem França, Haddad atinge 44% das intenções de voto entre esses eleitores.

Entre eleitores com renda familiar até 2 salários, Haddad lidera com 27%, e sobe para 31% entre aqueles com renda entre 2 e 5 salários, percentual que mantém no extrato seguinte, de renda entre 5 e 10 salários. O petista lidera em todos os extratos de renda.

Haddad tem sua melhor performance na capital, onde pontua 35%, contra 21% de Marcio França, 9% de Tarcisio, mas também está em primeiro no interior, com 24%, contra 18% de França e 11% de Tarcísio.

Na segmentação por religião, a liderança entre evangélicos pertence a Haddad, com 25%. Mas França tem um ótimo desempenho nesse segmento, com 22%, contra 10% de Tarcísio e 6% de Rodrigo Garcia.

Na situação 2, sem Marcio França, Haddad cresce 5 pontos e vai a 30% entre evangélicos, Tarcísio avança 3 pontos, indo a 13%, e Rodrigo Garcia cresce 5 pontos, chegando a 15%.

Haddad tem um desempenho excelente entre eleitores que se declararam de cor preta, 33%, contra 19% de França, 8% de Tarcísio e 6% de Garcia.

A propósito, o Datafolha sinaliza uma sensível queda na rejeição de Lula entre os paulistas.

Quando perguntados sobre influência de Lula na escolha de um candidato, 27% dos entrevistados pelo Datafolha responderam que votariam “com certeza” num nome apoiado por ele, ao passo que 46% disseram que não votarão “de jeito nenhum” em quem o petista apoiar.

No extrato mais rico do eleitorado paulista, aquele que ganha mais de 10 salários, a rejeição de Lula está em 42%.

A força de Lula é maior entre eleitores menos instruídos, com até o ensino fundamental, entre os quais 39% responderam que votariam “com certeza” num candidato apoiado pelo petista.

O atual presidente é muito menor que Lula, em São Paulo, com apenas 18% dizendo que votariam “com certeza” num candidato ao governo paulista apoiado por Bolsonaro; outros 62% asseveraram que não apoiariam “de jeito nenhum” um candidato bolsonarista.

Mesmo entre os eleitores do extrato mais rico, ou seja, com renda familiar acima de 10 salários, 63% prometeram não votar “de jeito nenhum” num candidato apoiado por Bolsonaro.

Entre paulistas jovens, com idade entre 16 e 24 anos, a rejeição a Bolsonaro chega a incríveis 69%.

Entre paulistas com ensino superior, 64% responderam que não votariam “de jeito nenhum” num candidato apoiado por Bolsonaro; nesse mesmo segmento, a rejeição a um candidato apoiado por Lula é bem menor, 48%.

A rejeição a Bolsonaro é particularmente alta entre mulheres: 65% das entrevistadas pelo Datafolha responderam que se recusariam a votar num candidato apoiado por Bolsonaro.

A polarização nacional na disputa pelos Bandeirantes

Os números indicam que as eleições paulistas deverão ser fortemente nacionalizadas. O Datafolha detecta um movimento de coesão dos eleitores conforme suas preferências políticas nacionais.

Entre eleitores que gostam de Bolsonaro (dão nota ótimo ou bom para o governo), 54% disseram que votarão “com certeza” num candidato apoiado por Bolsonaro.

Já entre os que não gostam de Bolsonaro (qualificam seu governo como ruim ou péssimo), 95% dos entrevistados afirmaram que não votariam “de jeito nenhum” num candidato apoiado pelo presidente.

Os números se invertem quando cruzamos os dados de influência de Lula e a avaliação de Bolsonaro. Entre os que gostam de Bolsonaro, 81% disseram que não querem um governador aliado a Lula.

Já entre aqueles que rejeitam o governo Bolsonaro, 44% responderam que sim, que votariam “com certeza” num candidato apoiado pelo petista.

Espontânea

A pesquisa espontânea mostra que a disputa para os Bandeirantes, diferentemente do pleito nacional, ainda não é um assunto tão importante assim para boa parte do eleitorado. O grau de indecisos na espontânea é de 67%, subindo para 70% entre eleitores de baixa renda e  74% entre mulheres.

Haddad larga na frente na espontânea, com 6%, seguido de Tarcício Gomes, que é o candidato de Bolsonaro, com 5%.

Nota-se um grau maior de decisão, todavia, entre eleitores mais instruídos e com mais renda. Entre aqueles com ensino superior, por exemplo, 12% indicaram voto em Haddad, contra 8% em Tarcísio. Já entre eleitores com renda superior a 10 salários, o petista pontuou 19%, contra 9% de Tarcísio, 6% de Dória (apesar do tucano não ser candidato ao governo do estado, e sim a presidente) e 1% para Marcio França.

No cruzamento da pesquisa espontânea com avaliação do governo Bolsonaro, confirma-se a tendência a nacionalização da disputa pelos Bandeirantes. Tarcísio já tem 17% entre entrevistados que gostam de Bolsonaro – e isso na espontânea! Já entre os rejeitam Bolsonaro, Tarcísio tem zero e Haddad, 11%.

Preferências partidárias

A capital do estado de São Paulo responde por 27% do eleitorado no estado. A região metropolitana, excluindo a capital, por mais 20%. Toda a região metropolitana, incluindo a capital, responde por 47%.

O interior responde pelos 53% restantes. Para efeito de comparação, a capital do Rio representa 40% do eleitorado no estado, e os outros municípios da região metropolitana, por 36%. A região metropolitana fluminense inteira, incluindo a capital, responde por 76% dos votos no estado. O interior fluminense responde pelos restantes 24%.

O PT tem 23% da preferência partidária no estado de SP, sendo 28% na capital, 26% na região metropolitana (incluindo capital) e 20% no interior.

O PSOL tem preferência de 2% do eleitorado no estado de SP, 3% na capital. 68% dos entrevistados que declararam preferência pelo PSOL tem ensino superior, contra 18% dos petistas.

50% dos eleitores do PT tem renda familiar inferior a 2 salários, contra apenas 19% dos eleitores do PSOL.

37% dos entrevistados que declararam preferência pelo Psol se identificaram como homossexuais ou bissexuais, contra apenas 8% da média, e 12% dos petistas.

13% dos eleitores de Haddad (situação 1) se declararam bi ou homo, 12% vinicius poit, 7% de Marcio França, 9% rodrigo garcia e 1% de Tarcísio.

A migração dos votos de Marcio França

No cenário 2, sem Marcio França, a maioria de seus votos migra para Haddad, que cresce 6 pontos, de 29% para 35%. Uma parte dos votos de França, no entanto, também migra para Rodrigo Garcia (PSDB), que cresce 5 pontos, de 6% para 11%.

Poucos votos de França parecem migrar para Tarcísio. Isso é bom para Haddad, porque significa que, num segundo turno com Tarcísio (que é o cenário mais provável), ele poderá receber a maior parte dos votos de França.

Entre eleitores com renda de 5 a 10 salários, Haddad cresce 8 pontos no cenário sem França e Rodrigo herda apenas 4 pontos, ao passo que Tarcísio não ganha nada.

Rejeição aos candidatos ao governo

A rejeição total de Haddad é de 34%. Não é tão alta assim, ainda mais se a compararmos aos 62% de entrevistados que responderam não votar “de jeito nenhum” num candidato apoiado por Bolsonaro.

Entre homens, a rejeição de Haddad vai a 40%, e diminui para 29% entre mulheres. Entre eleitores com renda familiar até 2 salários (que correspondem a 45% do eleitorado paulista),  a rejeição de Haddad é de 30%, sobe para 36% entre eleitores com renda de 2 a 5 salários, 45% para os que recebem entre 5 e 10 salários, e cai para 40% no extrato superior, de eleitores com renda acima de 10 salários.

Conhecimento do candidato

Haddad é, de longe, o mais conhecido dos candidatos: 94% dos entrevistados responderam que o conhecem, contra 74% para Marcio França e 38% para Tarcísio e Garcia.

Os eleitores não apenas conhecem Haddad; muitos (37%) garantem conhecê-lo “muito bem”.

Apenas 19% responderam conhecer “muito bem” Marcio França. Rodrigo Garcia e Tarcísio são ainda menos conhecidos neste quesito: somente 6% responderam conhecer “muito bem” Rodrigo Garcia e 7% Tarcísio.

Por outro lado, apenas 6% dos entrevistados responderam que não conhecem Haddad, enquanto o desconhecimento de Marcio França é de 26%, o de Garcia 62% e o de Tarcísio, igualmente 62%.

* O Cafezinho

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