Em um dos áudios, ao se referir ao presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, Gilmar Silva dos Santos, o ministro chega a citar Bolsonaro ao dizer se tratar de um “um pedido especial” feito pelo “presidente da República”.
O ministro, no entanto, usou suas redes sociais para negar denúncias de alocação de recursos por motivação religiosa. “Reafirmo o meu compromisso republicano de exercícios desta Pasta em prol do Interesse Público e do futuro da Educação do Brasil”, escreveu.
Independente de minha formação religiosa, que é de conhecimento de todos, reafirmo meu compromisso com a laicidade do Estado, compromisso esse firmado por ocasião do meu discurso de posse à frente do Ministério da Educação. (9/10)
— Milton Ribeiro (@mribeiroMEC) March 22, 2022
Saída do ministro depende de escolha de um nome para presidir Fundo
Segundo O Antagonista, o ministro estaria tentando emplacar em seu lugar o secretário-executivo Victor Godoy. O presidente do Progressistas, Ciro Nogueira, por outro lado, estaria defendendo a nomeação de Marcelo Lopes da Ponte, seu ex-chefe de gabinete e atual presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Os recursos negociados pelos pastores com as prefeituras são geridos justamente pelo FNDE, órgão do MEC atualmente controlado pelo Centrão.
Por isso, a articulação para a saída do ministro dependeria, entre outros, do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), que terá que indicar um nome para ocupar o lugar de Marcelo no FNDE.
Ainda segundo o site, o atual presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, do PL, também teria sinalizado que deseja ser consultado sobre a mudança na pasta.
Nos áudios vazados, o ministro Milton Ribeiro chegou a indicar também a existência de uma contrapartida à liberação de recursos da pasta. “Então o apoio que a gente pede não é segredo, isso pode ser [inaudível] é apoio sobre construção das igrejas”.
Ele também revelou interferência nas decisões da pasta. “Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar.”
*Por DCM