Análise da pesquisa Quaest: A migração de votos da terceira via para Lula. Por Miguel do Rosário.

Análise da pesquisa Quaest: A migração de votos da terceira via para Lula. Por Miguel do Rosário.

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Se uma pesquisa isolada pode ser considerada apenas uma “fotografia” estática da realidade, característica que muitos – especialmente quando querem desqualificar uma pesquisa que não gostam – vêem como um defeito estrutural, uma longa e regular sequência de pesquisas nos lembra um filme, que é algo mais próximo à vida.

A avaliação do governo Bolsonaro registrou uma pequena melhora na pesquisa Quaest de março, mas não é nada significativo. O percentual de avaliação positiva subiu de 22% em fevereiro para 24% em março. A avaliação negativa caiu de 51% para 49%. Bolsonaro já esteve em situação bem melhor antes (em julho e agosto de 2021, por exemplo), e depois piorou.

Não se deve falar em tendência de recuperação do presidente, ainda mais se considerarmos que os efeitos da inflação dos combustíveis apenas começaram a impactar a economia. O Banco Central decidiu, esta semana, aumentar novamente a taxa Selic, índice que regula os juros básicos do país, o que traz mais dificuldades para o setor produtivo, porque reduz a capacidade de investimento das empresas e do próprio governo. Juros altos significam recessão, desemprego, crise. A decisão do BC, portanto, não oferece um prognóstico favorável para a economia este ano e, consequentemente, é muito ruim – politica e eleitoralmente  – para o governo Bolsonaro.

Entretanto, se entre os eleitores, de forma geral, não se nota uma mudança de humor expressiva em relação ao governo Bolsonaro, a coisa muda de figura quando a pesquisa aborda especificamente aqueles que declararam voto no presidente em 2018.

Junto a seus próprios eleitores, Bolsonaro experimentou uma vigorosa recuperação desde janeiro.

Entre brasileiros que votaram em Bolsonaro em 2018, e receberam Auxílio Brasil nos últimos meses, por exemplo, a avaliação negativa de Bolsonaro, que era de 41% em janeiro, caiu para 23% em março.

Acho prudente olhar essa melhora de Bolsonaro com ceticismo.

Parece-me perfeitamente natural, humano, que se responda positivamente a um benefício do governo. Eleitores de Bolsonaro devem se sentir aliviados que, enfim, o presidente no qual votaram está fazendo alguma coisa por sua família. Mas isso não se refletirá, necessariamente, em votos, como iremos observar nos gráficos seguintes.

Além disso, essa parte da pesquisa pode trazer distorções, porque faz o recorte de um recorte: pega o eleitor que declara ter votado em Bolsonaro em 2018 e que, simultaneamente, declara receber Auxílio Brasil. Eu particularmente, não confio em dados sobrepostos. Suas margens de erro são muito altas, e, neste caso, forçam uma tendência: o eleitor que rejeita Bolsonaro, hoje, poderá ter alguma dificuldade de admitir que votou nele, de maneira que aqueles que o admitem ficarão super-representados na pesquisa, distorcendo o gráfico.

Detive-me neste ponto da pesquisa, porque me pareceu que alguns analistas forçaram um pouco a mão ao interpretar os números da Quaest como uma recuperação, por Bolsonaro, de seus próprios eleitores. Para mim, isso ainda não ficou claro.

Veja, por exemplo, o gráfico abaixo, que traz a avaliação de Bolsonaro segmentada pela declaração do voto em 2018. Entre aqueles que declaram ter votado em Bolsonaro em 2018, houve, de fato, uma melhora em março, na comparação com fevereiro, mas ainda é uma avaliação abaixo do que se observava em agosto. Como as margens de erro de setores segmentados costumam ser mais altas do que as margens de erro dos números totais, então podemos estar diante de uma oscilação puramente amostral.  Tanto pode ser isso que, no total, a avaliação positiva de Bolsonaro subiu apenas 2 pontos (ou seja, dentro da margem de erro). Em janeiro, 50% dos entrevistados avaliavam negativamente o governo. Hoje são 49%. Não há grandes mudanças, portanto.

Vamos aos gráficos de intenção de voto. Eles deixaram ainda mais claro o meu ponto-de-vista, de que a pesquisa não mostrou nenhuma nova dinâmica. Ela não é boa para Bolsonaro. Ela apenas não foi considerada muito ruim para o presidente porque ele não caiu.

Para Lula, por outro lado, é excelente! Ele lidera a eleição no primeiro turno, muito próximo, inclusive, de fechar a conta já nessa etapa (tem 49,4% dos votos válidos, no cenário principal), e ganha confortavelmente de todos os adversários no segundo turno.

O problema aqui, para Lula, é o seguinte: algumas pesquisas presenciais, incluindo as da Quaest, tem apresentado números tão espetacularmente otimistas para o petista, que qualquer sondagem que apresente um declínio irrisório de suas intenções de voto, ou um aumento – mesmo que modestíssimo – dos votos em Bolsonaro, é tratada com uma preocupação fora do normal por parte de petistas ou lulistas. Como diz um famoso pagode, “você me deixou mal acostumado”.

O primeiro gráfico desta seção do relatório nos permite estimar o tamanho e o potencial da chamada “terceira via”. Diante da pergunta “quem você prefere que vença”, temos o seguinte: Lula é preferido por 44%, Bolsonaro por 26% e os “nem-nem”, por 25%. 

Alguns nefelibatas da terceira via olham para esses 25% do nem-nem com olhos cheios de esperança. Não deveriam. Esses 25% precisam ser divididos em três: um terço para o voto de centro-esquerda antipetista, que é voto em Ciro Gomes; um terço para o voto de centro-direita antibolsonarista, que é o voto em Moro; e um terço de voto nulo e branco. Ponto. 25 dividido por três é igual a 8,3.  Ou seja, esse é o “teto” de Ciro e Moro, o que significa que eles já chegaram muito perto de seu máximo.

Vejamos agora os números estimulados. Lula lidera com 46%. Desde janeiro, ele ganhou 1 ponto. Bolsonaro tem 26%, ganhou mais 3 pontos desde janeiro, mas já teve 28% em julho e agosto do ano passado, quando havia uma pequena “euforia” social com o avanço da vacinação e a queda abrupta de vítimas da Covid.

A pesquisa pega o efeito do Auxílio Brasil, mas não a crise inflacionária dramática que apenas começa no país, causada pela guerra na Ucrânia e seus efeitos sobre os preços dos combustíveis.

A observação de que Lula “parou de crescer”, feita por alguns, é correta, mas a sua interpretação negativa me soa algo ridícula. Uma coisa é parar de crescer aos 2%, como é o caso de Dória. Ou mesmo 7%, como Ciro.

Parar de crescer aos 46%, numa democracia contemporânea, mantendo uma distância de 20 pontos sobre o adversário mais competitivo (e mais ainda sendo este adversário um presidente incumbente!), é um fato extremamente positivo!

A pesquisa é ruim mesmo para a terceira via, tanto que minhas metáforas mórbidas já ficaram desgastadas. Não há mais graça em mencionar últimos pregos no caixão, mau cheiro na sepultura ou a quantidade de terra lançada sobre o túmulo de seus nomes.

Sergio Moro experimenta sua terceira queda consecutiva: depois de chegar a 10% em dezembro de 2021, no auge da novidade de sua campanha, veio caindo mês a mês e agora tem 6%.

Ciro Gomes, que tinha 11% em outubro, hoje tem 7%, mesmo percentual que tinha em fevereiro, e isso depois de seu partido ter sido o primeiro a ter espaço na propaganda de rádio e tv, ter lançado oficialmente sua candidatura num grande evento em Brasília, no dia 21 de janeiro, e estar fazendo um trabalho frenético nas redes, sob a coordenação de um marketeiro pago a peso de ouro, João Santana.

A essa altura, as metáforas devem ser diferentes. Ao invés de morte, falemos de vida. Esses candidaturas de terceira via, mortas, enterradas e decompostas, hoje se tornam alimento, para os nomes que lideram a pesquisa!

No caso de Moro, a pesquisa mostra que seus eleitores – frustrados com a total falta de expectativa de vitória do candidato – estão retornando a Bolsonaro.

No caso de Ciro, seus eleitores se sentem cada vez mais inclinados a votar em Lula. É o que diz a pesquisa Quaest, que fez exatamente uma pergunta neste sentido: “se houve chance de Lula ganhar no  primeiro turno, você votaria nele?”.

Entre eleitores do Ciro, 34% responderam que sim, que votariam em Lula no caso do petista ter chance de ganhar no primeiro turno.

Essa tendência é a semente de um comportamento muito comum no eleitor brasileiro: o voto útil. Para Ciro, a situação fica ainda mais complicada, porque essa tendência bloqueia ainda mais a sua campanha. Se as pesquisas mostram Lula crescendo, um terço dos ciristas tenderão a migrar para Lula, ansiosos por resolver a parada logo no primeiro turno. Se outras pesquisas mostram Lula caindo, os mesmos ciristas migrarão para Lula, movidos pela vontade de conter qualquer tendência que favoreça Bolsonaro.

O gráfico que trata da “decisão de voto” confirma a tendência – muito difícil de reverter – de migração dos votos da terceira via para Lula e Bolsonaro.

Apenas Lula e Bolsonaro mantém eleitores realmente decididos.

Entre eleitores de Ciro, por exemplo, 69% responderam que podem mudar seu voto “caso algo aconteça”. Apenas 26% dos eleitores de Lula admitiram que podem mudar seu voto.

Entre eleitores de Moro, 68% disseram que podem mudar de voto, ao passo que somente 29% dos eleitores de Bolsonaro se mostraram dispostos a alterar sua decisão.

O gráfico mostra que Ciro ainda pode perder mais de dois terços de seus eleitores, o que significaria cair de seus atuais 7% para algo em torno de 2%, com a migração destes para Lula.

Na pesquisa anterior, de fevereiro, o eleitor cirista estava mais decidido: 38% disseram que seu voto era definitivo e 62% que ainda poderiam mudar. Ou seja, embora Ciro ainda não tenha perdido votos, seus eleitores começam a perder confiança em seu próprio voto, sinalizando possível migração para outros candidatos, notadamente Lula.

Continuemos.

Um gráfico sempre importante é o que traz a evolução dos votos espontâneos, que são aqueles onde os eleitores mencionam seus nomes de preferência sem que lhes seja apresentado previamente nenhum candidato.

Os números são os seguintes: 48% de indecisos, 27% para Lula, 19% para Bolsonaro, 3% para “outros” e 3% de nulos e brancos.

Uma ilusão tola que é preciso descartar logo de cara é a de que esses 48% de indecisos tenderiam a migrar para a terceira via. A pesquisa estimulada mostra que não. Quando se põe o tablet nas mãos dos entrevistados, pedindo para se clicar no candidato favorito, a tendência é que eles optem, em sua maioria, pelos mesmos que lideram a pesquisa espontânea. As razões sociológicas disso são óbvias. O eleitor costuma votar alinhado com as preferências de seu círculo social. Se quase todo mundo no meu bairro e na minha família vota em Lula, eu posso até ficar em dúvida no momento em que tenho que dizer, espontaneamente, o nome de um candidato. Mas na hora em que eu sou apresentado aos nomes, e vejo o nome de Lula, minha tendência é votar nele. O mesmo vale para Bolsonaro ou para qualquer outro.

A Quaest fez três cenários para a estimulada. O cenário mais diferente é o terceiro, sem a presença de Sergio Moro; neste caso, a maior parte dos votos no ex-juiz migrariam, curiosamente, para Lula e Bolsonaro. Sem Moro no pleito, Lula ganha 3 pontos e cresce de 45% para 48%; Bolsonaro também receberia 3 pontos, de 25% para 28%. Ciro herdaria apenas 1 ponto de Moro – o que prova que seu problema não é Moro.

Agora vamos para os dados estratificados, que sempre nos proporcionam observar o eleitor sob variados ângulos. Por exemplo, a intenção de votos segundo o sexo.

No gráfico abaixo, vemos que se repete o caráter fortemente masculino do voto bolsonarista. Entre homens, Bolsonaro tem 31% das intenções de voto, 11 pontos a mais que seus votos entre mulheres. Lula, por sua vez, tem 48% dos votos femininos, o que corresponderia, em votos válidos, a 55%, mais que o suficiente para vencer no primeiro turno. O percentual de indecisos entre mulheres é 6%, contra 3% entre homens.

Entre homens, Ciro tem 6%, abaixo dos 7% de Moro. No caso de Ciro, que não é tão popular ou conhecido como Lula, seu baixo índice entre homens pode ser um mal sinal. Por razões sociológicas, homens costumam demonstrar maior interesse por política do que mulheres, o que explica o maior percentual de indecisos entre mulheres. Exatamente por isso, candidatos menos conhecidos, mas sem processo de crescimento, costumam pontuar bem mais entre homens do que entre mulheres. Era o caso de Bolsonaro, que em abril de 2018 tinha apenas 11% dos votos espontâneos totais, mas 17% entre homens.

Tenho observado, em eleições anteriores, que há uma tendência de padronização dos votos de homens e mulheres, ou seja, redução nas diferenças, conforme a eleição se aproxima, em geral na direção apontada pelo voto masculino.

No caso de Bolsonaro, porém, talvez esse cálculo não se aplique nas eleições deste ano, porque ele já é conhecido por todos, e, em relação a eleitores do sexo feminino, identifica-se um problema específico de rejeição. A mesma Quaest traz o governo Bolsonaro com rejeição de 53% entre mulheres (contra 43% entre homens).

Os gráficos para renda e instrução são particularmente importantes, porque estas são as categorias mais importantes para se entender a tendência dos votos. Eleitores costumam votar alinhados ao seu entorno social, que por sua vez é formado por pessoas da mesma faixa de renda e com o mesmo nível de escolaridade.

Quando se olha para os níveis de renda, a força de Lula é descomunal. Ele tem 54% dos votos totais (o que corresponderia a 60% dos votos válidos), contra 19% de Bolsonaro, 5% de Ciro e 5% de Moro. Esta vantagem comparativa de Lula junto às famílias de baixa renda lhe propoporciona uma base extremamente sólida, porque esse é um eleitor tradicionalmente mais decidido, por razões sobre as quais podemos falar daqui a pouco.

Entre eleitores com renda familiar entre 2 e 5 salários, cai a vantagem de Lula, mas ele ainda a mantém a liderança isolada: o petista pontua 42% contra 26%  de Bolsonaro, 7% de Ciro e 7% de Moro.

Na faixa superior, formada por eleitores com renda familiar acima de 5 salários, as diferenças caem mais acentuadamente: Bolsonaro quase empata com Lula nesse extrato, chegando a 32%, contra 37% de Lula.

Essa força de Bolsonaro na classe média é o seu principal trunfo, e também o que explica a liderança do presidente nas redes sociais. A classe média é viciada em internet.

Entretanto, é importante ressaltar que, mais ou menos na época de 2018, Bolsonaro tinha liderança folgada na classe média. Uma pesquisa Datafolha da eleição presidencial anterior, com entrevistas realizadas entre os dias 11 e 13 de abril de 2018, mostrava Bolsonaro com 26% entre eleitores com renda familiar entre 5 e 10 salários, contra 20% de Lula. O petista conseguiu, portanto, melhorar sensivelmente sua performance junto a classe média, mas Bolsonaro também continua forte.

Os candidatos da terceira via, contudo, são fracos na classe média. Ciro tem apenas 8% entre eleitores com renda familiar acima de 5 salários; Moro, 6%. Em abril de 2018, por exemplo, Joaquim Barbosa (que podia ser chamado de “terceira via”) pontuava 13% no Datafolha.

Importante ter em mente que esses três grupos de renda apresentados são numericamente expressivos, segundo nos informa a própria Quaest. O grupo com renda familiar até 2 salário corresponde a 33% do eleitorado.  A coluna seguinte, formada por eleitores com renda entre 2 a 5 salários, representa 44% do eleitorado. Os eleitores com renda familiar acima de 5 salários, por sua vez, são 23% do total.

No gráfico por nível de escolaridade, o padrão é parecido ao da renda, mas com algumas diferenças que merecem destaque.

Lula lidera isolado, com 56% dos votos totais, entre eleitores menos instruídos, com escolaridade até o ensino fundamental, e que correspondem a 39% do eleitorado. Bolsonaro tem apenas 18% nesse segmento, Ciro 5% e Moro 4%.

O extrato de eleitores com ensino médio, que correspondem a 40% do eleitorado, é aquele no qual Bolsonaro tem mais força: 31% das intenções de voto, apenas oito pontos atrás de Lula, que tem 39%. Ciro tem 8% nessa coluna, Moro 7%.

A coluna dos eleitores com ensino superior, incompleto ou mais, que corresponde a 22% do eleitorado, é onde Moro apresenta sua melhor performance, 10%. Ciro, por sua vez, pontua apenas 6% nessa coluna. Lula lidera com 34%, e Bolsonaro tem 28%.

Na segmentação por religião, hoje considerada uma categoria importante para se entender a dinâmica do voto, especialmente em virtude da politização de alguns setores evangélicos, identifica-se um fato incontestavelmente favorável a Bolsonaro: ele lidera entre os evangélicos com 38% dos votos, contra 33% de Lula. A terceira via não vingou entre os evangélicos: Ciro tem apenas 5% nesse segmento, Moro 7%.

Entretanto, a mesma pesquisa traz Lula com 51% dos votos entre evangélicos, contra 21% de Bolsonaro, 6% de Ciro e 6% de Moro.

Como os católicos ainda correspondem a 52% dos eleitores brasileiros, contra 26% dos evangélicos, a vantagem de Lula neste segmento é particularmente estratégica.

Por fim, é preciso examinar as intenções de voto por região. Também aqui temos números bons para o ex-presidente Lula, que vence nas quatro principais regiões do país, e perde apenas no Centro-Oeste, que todavia responde por apenas 8% do eleitorado brasileiro.

Vale destacar a debilidade de Ciro Gomes no Sudeste (5%), Sul (5%)e Centro-Oeste (5%), onde fica atrás de Sergio Moro. O ex-juiz, por sua vez, tem uma performance medíocre no Nordeste, região onde pontua apenas 2% (contra 10% de Ciro Gomes).

Lula tem 60% dos votos totais do Nordeste, contra 15% de Bolsonaro.

Na comparação com fevereiro, Lula cresceu no Sudeste, de 40% para 42%. Como o Sudeste abriga 43% dos eleitores brasileiros, a pequena queda do petista em outras regiões (quase sempre na margem de erro, ou próximo disso) é neutralizada.

Ciro Gomes, por sua vez, perdeu 2 pontos no Sudeste, caindo de 7% para 5%. Como Bolsonaro ficou parado no Sudeste, com 26%, e a soma de indecisos e brancos também ficou estável, em 12%, presume-se que os eleitores que Ciro perdeu migraram para Lula, confirmando uma tendência que outros gráficos da pesquisa sinalizam.

Conclusão

Os números da pesquisa Quaest, edição de março, confirmam o favoritismo de Lula. O petista se tornou um pólo de gravidade irresistível no campo político de quem faz oposição a Bolsonaro. Eleitores de Ciro, e até mesmo de Moro, tem sido atraídos para Lula, na medida em que não vêem chance de vitória, ou mesmo de chegar ao segundo turno, para seus candidatos.

No caso de Ciro, por exemplo, a sua campanha tentou atrair um suposto voto antipetista, usando o argumento de que Bolsonaro perde para Lula no segundo turno, ao passo que o pedetista teria mais chance de ganhar. Não é o que as pesquisas apontam. Em fevereiro, a Quaest fez um cenário de segundo turno entre Lula e Ciro, no qual o petista vencia por 51 X 24, o que significa uma vantagem de 27 pontos para Lula. Em março, o mesmo cenário traz Lula com os mesmos 51 e Ciro com 23, uma vantagem de 28 pontos para o petista. Ou seja, mesmo no cenário, remoto, de segundo turno entre Lula e Ciro, o petista venceria com facilidade. Bolsonaro e Moro teriam, em verdade, uma performance melhor contra Lula.

Além disso, o antipetismo refluiu. A rejeição a Lula, que também foi medida pela Quaest, caiu de 43% em fevereiro para 42% em março. A rejeição de Ciro, ao contrário, oscilou um ponto para cima, de 54% para 55%. A rejeição a Bolsonaro caiu de 66% para 63%, e ainda é a maior entre os candidatos, embora muito próxima da rejeição a Moro, que se manteve em 62%.

A íntegra da pesquisa pode ser baixada aqui.

* O Cafezinho

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