Em meio a divisões internas e questionamentos sobre a candidatura presidencial de João Doria, o PSDB entra nas eleições deste ano enfraquecido também nas disputas estaduais. Nos tempos áureos, quando rivalizava com o PT no plano nacional, os tucanos já chegaram a eleger oito governadores, em 2010. O cenário agora é diferente. A legenda tem sido obrigada a lidar com a saída de lideranças regionais, e são relatadas até dificuldades para montar chapas de candidatos a deputado federal por causa do fim das coligações nas eleições proporcionais.
O PSDB projeta que terá oito candidatos próprios nos estados este ano, quatro a menos do que os 12 de 2018. Além disso, os nomes que representarão a legenda no pleito de outubro não estão completamente decididos. Há indefinição, por exemplo, no Rio Grande do Sul. Existe, ainda, outro fator no horizonte: caso seja formada a federação com o Cidadania, em estágio avançado de negociação, podem surgir novos impasses.
Doria deve ficar sem um palanque exclusivo em dois dos três maiores estados do país. Em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral, os tucanos caminham para apoiar a reeleição de Romeu Zema (Novo), também disputado por Sergio Moro (Podemos), Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Felipe d’Ávila (Novo). No Rio, terceiro estado com mais eleitores, a situação é parecida. O PSDB deve participar do projeto de reeleição de Cláudio Castro (PL), candidato do partido de Bolsonaro. Os tucanos têm a secretaria de Infraestrura e Obras.
Em São Paulo, maior colégio eleitoral e terra de Doria, o vice-governador Rodrigo Garcia, indicado para concorrer, ainda sofre com o desconhecimento por ser estreante em disputas majoritárias. Em dezembro, Garcia dividia a quarta posição na pesquisa Datafolha com 6% ou 8%, a depender do cenário. O desempenho fica aquém dos últimos candidatos do PSDB no estado, governado pelo partido há 26 anos. O vice-governador conta com a força da máquina para reverter o quadro, mas poderá sofrer com a rejeição a Doria.
No Rio Grande do Sul, governado por Eduardo Leite, o partido também enfrenta problemas para manter o comando do Executivo. A ideia inicial era lançar o vice-governador Ranolfo Vieira Júnior, mas ele enfrentou resistência de parte das lideranças tucanas. Diante do cenário, Leite passou a ser cobrado para quebrar uma promessa de campanha e disputar a reeleição. O gaúcho também tem sido sondado para migrar para o PSD e concorrer à Presidência. Ele deve definir o destino no mês que vem.
No Mato Grosso do Sul, o terceiro dos estados governados pelos tucanos, o partido sofreu uma baixa importante. Rose Modesto, que, em 2018, foi a deputada federal mais votada no estado, anunciou a mudança para a União Brasil para concorrer a governadora. O governador Reinaldo Azambuja, em segundo mandato, lançará o secretário de Infraestrutura, Eduardo Riedel.
O partido ainda enfrentou baixas em outros estados. No Maranhão, o vice-governador Carlos Brandão anunciou, no mês passado, que migrará para o PSB para concorrer com o apoio do atual governador, Flávio Dino. Com o revés, os tucanos não sabem como vão se posicionar. No Pará, Simão Jatene, que já governou o estado três vezes, anunciou a saída do PSDB ano passado, após ver Leite, a quem apoiava, ser derrotado nas prévias. Os tucanos vão apoiar a reeleição do governador Helder Barbalho (MDB).
Caso a união com o Cidadania vingue, pode haver um impasse no Distrito Federal. Os senadores Izalci Lucas (PSDB) e Leila Barros (Cidadania) vinham se colocando como pré-candidatos a governador. Apesar do cenário adverso, o secretário-executivo do PSDB, Beto Pereira, minimiza possíveis dificuldades em palanques para Doria:— As oito candidaturas que teremos dão à sigla certo protagonismo. Três delas (SP, RS e MS) estão bem postas.