O primeiro vice-ministro cubano, Alejandro Gil Fernández, chefe de Economia e Planejamento, disse nesta quinta-feira (10), disse que Cuba está combatendo a inflação com o aumento da oferta de produtos nacionais e sem cortar os gastos na área social, segundo informou o jornal cubano Granma. “Perdemos 13% do Produto Interno Bruto em um curto período de tempo, mais de US$ 3 bilhões, e não desistimos dos gastos sociais. Mantemos os níveis de gastos sociais sem dispor das receitas. Até injetamos dinheiro na circulação para proteger os trabalhadores interrompidos. E isto é parte da inflação que temos”, explicou. “Mas este é um país socialista. Poderíamos ter um déficit de 3% do PIB, mas teríamos que fechar escolas e hospitais e deixar os trabalhadores desempregados”, acrescentou.
Referindo-se às repercussões do problema internacional de logística sobre Cuba, Fernández exemplificou que a Ilha tem mais de 6.000 contêineres em diferentes portos ao redor do mundo aguardando embarque para o país, com alimentos, produtos de limpeza e matérias-primas para produção e outros recursos. Com relação à inflação, sustentou que ela é o assunto de maior debate e preocupação no país.
Segundo ele, trata-se de um fenômeno mundial, que no caso específico de Cuba está ocorrendo por duas razões. “Uma delas é o aumento dos custos reais das importações do país, que nada tem a ver com a desvalorização da moeda nacional que ocorreu com a Tarefa Ordenação, que foi uma inflação que teve seu próprio desenho e que tentou compensar com o aumento dos salários, mas evidentemente ficou abaixo e os preços subiram muito mais do que o salário que foi projetado”, apontou. “A outra causa é a escassez da oferta e, portanto, temos um excesso de liquidez nas mãos da população”, acrescentou.
“A combinação de ambas as causas é igual à inflação”, disse, esclarecendo que “este fenômeno não é uma causa em si, mas um efeito das causas que lhe dão origem”. Como conceito, a inflação é um aumento generalizado dos preços durante um determinado período de tempo; no entanto, o primeiro vice-ministro destacou que a política do país tem sido manter sob controle certos produtos e serviços com alto impacto na vida da população, o que significa que o fenômeno global da inflação não está sendo refletido nestes preços.
Por exemplo, o ministro argumentou que quando a tarifa de eletricidade foi projetada e posta em vigor em janeiro de 2021, os custos de combustível estavam entre 52 e 53 dólares por barril; hoje está acima de 90 dólares: “Em Cuba, a tarifa de eletricidade não foi modificada neste período de tempo”.
Disse também que outros preços de serviços vitais, como o combustível vendido no Cupet (postos de gasolina), tarifas de comunicação, os produtos da cesta básica da família, bem como um conjunto de produtos vendidos nas lojas no Cupet, como frango ou óleo, também não foram aumentados. “Quando falamos de inflação em Cuba, não com o espírito de subestimar o cenário complexo que temos, não estamos em um contexto onde todos os preços dispararam, mas há um conjunto de preços básicos que na política do governo têm permanecido estáveis por mais de um ano, independentemente do aumento dos custos internacionais”, disse Gil Fernández.
Também disse que alguns produtos mantiveram certa estabilidade nos preços, como o tomate, e que até caiu, o que responde a um nível mais alto de fornecimento. “Não podemos combater o déficit de abastecimento enchendo os mercados com produtos importados, porque no contexto atual, no qual o governo tem que apoiar a cesta básica regulamentada e a geração de energia, não temos nenhuma possibilidade real e objetiva de aspirar a um abastecimento estável de produtos através de importações. Portanto, temos que apostar na produção nacional”, ponderou.
Especificou que, no meio das restrições atuais, o país consome entre 100.000 e 120.000 toneladas de diesel em um mês e aproximadamente 25.000 toneladas de gasolina: “Um navio de 40.000 toneladas de diesel pode estar custando 35 milhões de dólares, e aumentando. Você gasta facilmente entre 160 e 180 milhões de dólares por mês”.
Fernández ressaltou que os preços de importação dos produtos são muito mais altos quando comparados com 2019: “Por exemplo: em 2019, o arroz custava 468 dólares por tonelada, e agora é de 633 dólares. Um caso semelhante ocorre com o feijão, que subiu de 1.066 para 1.082 dólares por tonelada; ou com o óleo cru, que em 2019 custou 809 dólares e em 2022 está em 1.503; e também com o leite em pó, que subiu de 3282 para 4.315 dólares”, acrescentando que o trigo para pão também subiu de 280 dólares para 459 dólares; e a farinha de soja de 405 dólares por tonelada para 547. Somando-se aos aumentos de preços desses produtos está o aumento dos custos de frete, que aumentaram duas e três vezes.
Com informações do jornal cubano Granma
* Vermelho