Muitos chefes de Estado atuam como se o mandato do atual presidente tivesse terminado e o petista estivesse eleito.
Após o presidente Jair Bolsonaro ter recusado o convite para ir a Santiago no próximo dia 11 de março, para presenciar a posse do presidente eleito do Chile, Gabriel Boric, colaboradores do chefe de Estado eleito fizeram sondagens com a equipe de campanha para convidar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A informação foi confirmada ao Globo por fontes brasileiras e chilenas.
Segundo as fontes brasileiras, o ex-presidente, que celebrou a eleição de Boric em dezembro passado, não deve aceitar o convite, já que não considera “prudente” ir a posses presidenciais. Mas o desejo de Boric, disseram fontes chilenas, seria já começar a conversar com Lula sobre futuras alianças, confiando em que o ex-presidente vencerá a eleição brasileira este ano. O ex-chanceler Celso Amorim, principal assessor internacional de Lula, também foi convidado para reuniões em Santiago, às quais não poderá comparecer porque acompanhará o ex-presidente em sua viagem ao México, nos primeiros dias de março.
O México é outro dos países da região que já faz claras sinalizações a favor de uma mudança de governo no Brasil e de uma eventual volta de Lula ao poder. Além do convite ao ex-presidente e da viagem da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2021, à Cidade do México, o governo do presidente Andrés Manuel López Obrador acaba de decidir retirar seu atual embaixador em Brasília, José Piña, que permaneceu três anos no posto, e, segundo versões extra-oficiais divulgadas pela imprensa mexicana e confirmadas por fontes diplomáticas do país, a escolhida para substituí-lo foi a escritora Laura Esquivel, também conhecida por seu ativismo a favor dos direitos humanos.
Na vizinha Argentina, a expectativa por uma mudança de governo também é grande. O presidente Alberto Fernández nunca escondeu sua amizade com Lula, e em dezembro passado organizou um grande evento em homenagem ao ex-presidente na Praça de Maio. Em recente viagem à Rússia e China, Fernández expressou seu desejo de que a Argentina passe a integrar os Brics, recebendo, quase imediatamente, o apoio da campanha de Lula, através de Amorim.
Entre os governos mais entusiasmados com um eventual retorno de Lula ao poder também estão os da Alemanha e França. Em geral, as fontes diplomáticas consultadas confirmaram o enorme interesse estrangeiro no processo eleitoral brasileiro e, também, certa preocupação pelo compromisso do presidente Bolsonaro com regras democráticas.