Internautas pedem que o deputado federal Kim Kataguiri (Podemos-SP) seja cassado pela Câmara por apologia ao nazismo.
Em entrevista ao youtuber Monark, o parlamentar, que é apoiador de Sergio Moro (Podemos), disse que é contra a criminalização do nazismo na Alemanha.
Moro, no entanto, repudiou a defesa do nazismo.
– O nazismo é abominável e inaceitável em qualquer circunstância. É um crime e uma ofensa ao povo judeu e a toda humanidade. Não há mais lugar no mundo para o ódio e a intolerância, escreveu o ex-juiz e ex-ministro da Justiça.
Kim disse que “sufocar o debate só faz com que grupos extremistas cresçam na escuridão”, ao se defender das críticas.
A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), disse que não existe arrego para quem defende a criação de um Partido Nazista.
– O que Monark disse ontem é um crime contra a nossa democracia. Não existe liberdade de expressão para quem defende esse absurdo. É de extrema urgência que esse canalha tenha uma punição severa, declarou a dirigente petista.
O tema “nazismo” veio à tona quando Monark, já demitido pelo podcast Flow, defendeu a legalização de um partido nazista no Brasil.
– A esquerda radical tem muito mais espaço do que a direita radical, na minha opinião. As duas tinham que ter espaço, na minha opinião. Eu sou mais louco que todos vocês. Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista reconhecido pela lei, disse o youtuber no podcast Flow de segunda-feira (07/02).
A deputada Tabata Amaral (PSB-SP), que também participava da entrevista, disse que “o nazismo e outras ideologias que ameaçam a existência e integridade de pessoas são intoleráveis e devem ser banidas”.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciou a abertura de investigação de Monark e Kim, que tem foro privilegiado.
O deputado @KimKataguiri é contra a criminalização do nazismo na Alemanha.
Lembrando que Kim apoiou a eleição de Bolsonaro, que era o candidato preferido dos neonazistas brasileiros. pic.twitter.com/3zbMe8Bwha
— JornalismoWando (@JornalismoWando) February 8, 2022
PGR vai investigar declarações de apoio ao nazismo proferidas em podcast Flow
O procurador-geral da República, Augusto Aras, determinou nesta terça-feira (08/02) a instauração de procedimento para que seja apurada a prática de eventual crime de apologia ao nazismo pelo deputado federal Kim Kataguiri (Podemos/SP) e pelo apresentador do Flow Podcat, Bruno Monteiro Aiub, conhecido como Monark. Conforme representações apresentadas ao Ministério Público Federal (MPF), durante uma entrevista para o programa que é exibido pela internet, o apresentador teria defendido a legalidade de um partido nazista no Brasil. Já o parlamentar teria afirmado que foi um erro a Alemanha ter criminalizado o partido nazista.
O teor das declarações será analisado pela assessoria criminal de Augusto Aras em função de o caso envolver parlamentar com prerrogativa de foro no Supremo Tribunal Federal (STF). A mensagem veiculada no programa repercutiu tanto na imprensa quanto no meio jurídico. A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), por exemplo, lembrou que “o direito à liberdade de expressão não é absoluto e repudiar o nazismo é uma tarefa permanente, que deve ser reiterada por todos”.
Embora não possa se posicionar sobre o caso específico – que será devidamente apurado –, o PGR reitera posição contra o discurso de ódio já externada em mais de uma oportunidade. A mais recente, na abertura do ano judiciário, afirmou ser imprescindível a união das instituições para “repudiar veementemente” o discurso de ódio, lembrando que a Constituição reconhece e preconiza o respeito às diferenças, ao pluralismo e ao multiculturalismo. “Todo discurso de ódio deve ser rejeitado com a deflagração permanente de campanhas de respeito a diversidade como fazemos no Ministério Público brasileiro para que a tolerância gere paz e afaste a violência do cotidiano”, frisou na oportunidade.
Conib condena declaração de apresentador sobre nazismo
A CONIB (Confederação Israelita do Brasil) condena de forma veeemente a defesa da existência de um partido nazista no Brasil e o “direito de ser antijudeu”, feita pelo apresentador Monark, do Flow Podcast. O nazismo prega a supremacia racial e o extermínio de grupos que considera “inferiores”. Sob a liderança de Hitler, o nazismo comandou uma máquina de extermínio no coração da Europa que matou 6 milhões de judeus inocentes e também homossexuais, ciganos e outras minorias. O discurso de ódio e a defesa do discurso de ódio trazem consequências terríveis para a humanidade, e o nazismo é sua maior evidência histórica.
*Por Esmael Morais