A direção nacional do PTB está em pé de guerra desde que o presidente de honra e fundador da sigla, Roberto Jefferson, entrou em conflito com a presidente nacional, Graciela Nienov, a quem tratava como “filha postiça” e agora chama de “traidora”. A briga transpôs as instâncias partidárias e virou caso de polícia, com registro de boletins de ocorrência, e de Justiça, com ações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Nesta quarta-feira, Nienov veio a público para dizer que nem ela nem os seus aliados “roubaram” equipamentos da sede nacional do partido, na Asa Norte, em Brasília. As acusações foram feitas por adversários petebistas, entre eles a filha de Jefferson Cristiane Brasil, que se revoltaram com o fato de Nienov ter ido ao prédio para pegar o seu notebook pessoal e algumas pastas, nesta terça-feira. Nas redes sociais, eles escreveram que a mandatária “invadiu” a sede com o objetivo de “ocultar provas” contra ela.
– Essas informações são fake news criadas para tumultuar o partido e atrapalhar a gestão dos novos dirigentes. São fruto de imaginação de pessoas que estão com receio de perder espaço na nova adminsitração – afirmou Nienov, em nota.
Antecipando os problemas, na segunda-feira, a presidente do PTB registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil do Distrito Federal, alegando estar recebendo “mensagens com teor intimidatório de pessoas ligadas a Roberto Jefferson”. A informação constava na ação que ela impetrou no mesmo dia no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pedindo a reintegração de posse da sede nacional do PTB, que estaria ocupada pelo grupo político do ex-presidente.
– Está-se diante do inimaginável: não se dá acesso, à presidente de um partido, ao escritório do seu próprio diretório nacional. Esse é o nível de interferência do ex-dirigente e seus coligados – escreveu o advogado de Nienov, Gustavo Mascarenhas.
Com o Boletim de Ocorrência nas mãos e temendo sofrer agressões, Nienov pediu o apoio de policiais militares para entrar no prédio.
Enquanto ela recuperava os seus bens, os adversários do PTB começaram a recolher assinaturas da direção nacional para convocar uma convenção para destitui-la do posto. A expectativa desse grupo é que a saída dela seja formalizada até o dia 11 de fevereiro.
Logo que deixou o presídio de Bangu para cumprir prisão domiciliar em casa, no Rio, Roberto Jefferson tomou conhecimento de um suposto plano de traição coordenado por Nienov para mantê-lo na cadeia, segundo a versão espalhada por ele. Em uma carta distribuída por seu advogado, Jefferson afirmou que ela lhe pediu demissão e ele aceitou.
Ao Globo, no entanto, Nienov esclareceu que não pediu demissão a ninguém e deu a entender que não deixaria o cargo tão fácil. Ela foi eleita ao posto em convenção nacional, em novembro, por orientação do próprio Jefferson, que se encontrava preso naquele momento.