No centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, Lula repete o sentimento de Mário de Andrade: “Brasileiros, chegou a hora de realizar o Brasil” 

No centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, Lula repete o sentimento de Mário de Andrade: “Brasileiros, chegou a hora de realizar o Brasil” 

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Quando, em 1917, Mário de Andrade, observando a trajetória da música brasileira, classificando-a como um exemplo de antropofagia, que dava característica própria, autônoma e identitária ao que ele considerava extraordinária música brasileira, o grande guru da Semana de Arte Moderna de 1922, trazia a receita dos elementos fundadores da nossa principal manifestação artística cultural.

O entusiasmo de Mário de Andrade com o resultado de uma expressão classificada por ele como genuinamente brasileira, foi obra do povo que soube gerenciar e conservar as características primárias da nossa música já registradas no imaginário coletivo e casá-las, uma a uma, em matrimônio de sentimentos que, indiferente à ideia de uma construção de cima para baixo, colocou de joelhos a própria ideia de colônia.

Por isso Mário destacava com tanta vibração e alegria essa capacidade que a nossa música sempre teve de absorver influência e transformá-la e incorporá-la num cartão postal brasileiro feito gratuitamente pelo próprio povo.

E é exatamente isso que Lula buscou nas origens de sua plataforma política para 2022, resgatar a identidade de um povo através de uma fusão que leve os brasileiros a um sentimento primário de nação, num processo de fusão política retirado da nossa própria cultura.

Talvez seja isso que Lula quis dizer quando, no encontro com blogueiros independentes, falou “não vai ser só um ministro de Cultura, vamos ter um comitê. A cultura vai ajudar a construir esse país mais democrático”.

Na verdade, essa congregação política a que Lula se refere através da cultura, foi pontuada por Mário de Andrade como antropofágica, que culminou na Semana de Arte Moderna de 1922, com um slogan que serve perfeitamente bem à campanha de Lula um século depois, “Minha obra toda badala assim: Brasileiros, chegou a hora de realizar o Brasil.” 

 

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