A diretora do Ipec, Márcia Cavallari, fez uma avaliação sobre as limitações eleitorais das candidaturas de terceira via para as eleições de 2022.
De início, Cavallari diz que uma das candidaturas desse campo alternativo teria que tirar votos de Jair Bolsonaro para chegar vivo na disputa e na sequência atrair quem pretende votar nulo ou branco.
“O desafio atual da terceira via, que não é simples, é ter votação mais alta do que Bolsonaro. Vamos supor que o mínimo dele seja 19%, que é hoje seu patamar de aprovação. Então, esse candidato da terceira via teria que ultrapassar este número”, disse ao O Globo.
“Só que, somados, todos os outros candidatos marcaram 17% na pesquisa de dezembro. E há pouco espaço para crescer no eleitorado que vota em branco ou nulo, que hoje está em 9%. Este é o patamar de brancos e nulos que historicamente aparece na eleição. Ou seja, para crescer, o candidato da terceira via tem que tirar votos de Lula ou de Bolsonaro”, completou.
Além disso, Márcia também disse que a pauta da anticorrupção, protagonizada pela pré-candidatura do ex-juiz Sergio Moro (Podemos), não será o assunto central, pois ela perdeu relevância em detrimento de outros temas mais emergenciais como a fome e miséria.
“Fome e miséria aparecem hoje entre os cinco principais problemas do país para os eleitores, algo que não acontecia desde 2002 nas pesquisas. Não é que o brasileiro não se importe com corrupção, mas um discurso monotemático nessa área não bastará”.