O Brasil desistiu de Jair Bolsonaro antes de o presidente inepto e perverso ter desistido da tentativa de reeleição. É isso o que nos dizem, de forma consolidada e sólida como um viaduto, as pesquisas de avaliação de governo e de intenção de voto divulgadas esta semana.
Um último levantamento, o PoderData, deve ser divulgado ainda na próxima semana. Nada indica que será diferente.
Com 60% de rejeição (64% entre os brasileiros com renda inferior a cinco salários mínimos) e preferido por escassos 33% dos eleitores evangélicos, quando o ex-presidente Lula o supera até nesse subgrupo, com 39% de preferência, o atual ocupante do Palácio do Planalto está em situação vexatória até mesmo para seu prontuário de crimes de responsabilidade.
Agora, o Brasil tem um encontro marcado com o bolsonarismo, e precisa superá-lo, encarcerá-lo e enterrá-lo num ataúde selado a chumbo – como se faz com lixo tóxico.
O bolsonarismo é a linha de ação política assentada no ódio, na divisão do País e no desmonte das políticas públicas que conferiam organicidade à luta já longa de uma Nação fadada a se digladiar incansavelmente contra sua realidade para reduzir o fosso abissal das desigualdades sociais.
Só a reconciliação dos brasileiros com uma agenda social, política e econômica focada na reindustrialização, assentada em estratégias de sustentabilidade e de preservação ambiental, além de tecer um compromisso inescapável com a distribuição de renda e o resgate da força do Estado como regulador e mediador de conflitos, nos trará essa vitória.
Não há saída fora da política. Logo, os atores políticos estão construindo saídas desse labirinto trágico com as ferramentas possíveis no arsenal institucional brasileiro. E a mais nova dessas saídas, forjada como uma geringonça que talvez nos conduza à porta de saída, é o instituto das federações partidárias.
PT, PSB e PCdoB dedicam-se há meses à tessitura de uma malha que os acolha e aos seus projetos em conjunto. O PV, anteontem, procurou as lideranças desse bloco de centro-esquerda e revelou interesse em integrá-lo. Dentro da Rede Sustentabilidade existe uma ala disposta a arquivar desentendimentos e fazer o mesmo. Por fim, em razão das boas, legítimas e pertinentes jogadas políticas da semana, o PDT começou a ensaiar uma adesão a essa Federação rascunhada com o propósito de tornar viável desde a largada um eventual terceiro mandato de Lula. Desnecessário sublinhar que a presença do ex-governador Geraldo Alckmin numa chapa presidencial com o petista é peça fundamental nessa construção sofisticada.
Não há tempo a perder, há um Brasil por resgatar do fundo do poço.
A reconciliação é desde já a pauta prioritária de uma Nação que rejeita com engulhos de repulsa os blefes e os arreganhos de Bolsonaro e do bolsonarismo, obsoletos e putrefatos, porém, ainda resilientes na estrutura de instituições que não os suportam.