Neste domingo, 12, o diretor do Datafolha Mauro Paulino, disse em entrevista ao O Globo que o voto do eleitor pobre está ficando cada vez mais pragmático no Brasil. Vale lembrar que essa fatia que recebe até dois salários mínimos é a maioria do eleitorado brasileiro.
Na avaliação de Paulino, esse eleitor vai votar no candidato a presidente que mostrar mais condições políticas de resolver o problema da fome e na queda brutal do padrão de vida nacional. Com isso, a economia deve predominar o pleito em vez da corrupção.
“Hoje, metade dos brasileiros tem renda familiar mensal de até dois salários mínimos. Isso quer dizer que a grande maioria, que decide a eleição, está tentando sobreviver. Quanto mais pobre o eleitor, mais pragmático é o voto. Como a fome cresceu, estamos falando de pragmatismo no sentido de precisar de dinheiro para comprar comida. Esse eleitor vai escolher o candidato que mostrar mais condições e vontade política para resolver isso”, afirmou Paulino.
Sobre a corrupção, o diretor do Datafolha diz em outro trecho da entrevista que “vejo que a economia vai recuperar o protagonismo no processo eleitoral que havia perdido em 2018 para a corrupção. Já fizemos pesquisas que mostraram que o eleitor, de certa forma, aceita a corrupção desde que tenha uma condição de vida melhor. É uma triste realidade, mas é o pragmatismo que temos observado em diversas eleições”.
Ele também disse que o Auxílio Brasil poderá, a curto prazo, melhorar a imagem de Bolsonaro mas ponderou que se a inflacao continuar explodindo no bolso do brasileiro em 2022, esse efeito eleitoral para o presidente será praticamente Nulo.
“É claro que, num primeiro momento, o Auxílio Brasil pode ter impacto positivo na avaliação de Bolsonaro, porque o programa não atinge só quem recebe, mas sim aqueles que conhecem alguém que recebe. Mas se a inflação continuar a crescer no início do ano que vem e tirar o poder aquisitivo desse auxílio, a maioria dos que recebem pode considerar que o dinheiro é insuficiente para se alimentar”.