Bolsonaro sancionou hoje, mais um passo atrás nos programas de combate à pobreza extrema. O “vale gás” é um retrocesso tamanho, que representa um retorno à era dos “vales”.
Até os anos 80, o que vigorava nos programas de combate à miséria, era a distribuição de cestas básicas, na mesma lógica que a classe média tem, de que não se deve dar dinheiro a quem pede, mas não se deve negar comida. Essa é ajuda tutelada, como se a pessoa em estado de fome não tivesse capacidade moral para fazer escolhas.
Durante o governo FHC, um tímido início de mudança foi registrado com o início das bolsas, uma delas foi a Bolsa Escola. Os estados criavam vales para complementar a inação do governo federal, frente à miséria generalizada.
No Rio de Janeiro, Anthony Garotinho criava o Vale Gás e outros vales. No Rio, foi pior, esses vales eram distribuídos por igrejas evangélicas, o que inchou essas igrejas, tornando a capital carioca a mais evangélica do país. O resultado hoje, é a grande popularidade de Bolsonaro, por lá.
Os programas descentralizados perderam força com a criação definitiva do Bolsa Família, o que marcava o início de um programa que poderia levar à renda básica universal, tão almejada por Eduardo Suplicy (atual vereador de São Paulo, pelo PT). A centralização dos programas não resolve todos os problemas, mas foi a solução mais eficiente até aqui.
Bolsonaro, para variar, com seu cérebro do século passado, repleto de “senso comum” e negacionista das pesquisas científicas, faz o Brasil retroagir à era do estado que tutela o comportamento dos mais pobres. Vale Diesel, Vale Gás e um governo que não vale nada.