Desde os primeiros momentos do fatídico acidente da cantora e compositora Marília Mendonça, a Globo vem dando o seu show de horrores de cobertura ao vivo. Ao vivo e direto do avião acidentado, ao vivo e direto do cortejo, ao vivo e direto do caixão do jornalismo da maior emissora da América Latina.
Para quem vive o dia a dia das notícias e fatos, sabe que qualquer possibilidade de audiência gera cliques e propagandas. A exemplo disso, sempre que há um fato político, algo que cause comoção geral, há uma ânsia das pessoas pela informação. Essa ânsia gera receita através da propaganda. A morte de um artista não é diferente.
É nesse sentido que a Globo segue a necessidade de gerar receita com patrocínio e é por isso que ela precisa criar um novo mito, uma nova mega ídola, aproveitando a sua falta, para que as pessoa chorem e se comovam ainda mais. Pessoas comovidas não pensam, elas agem. Foi assim na Lava Jato, que gerou a comoção de ódio, que gerou o golpe de 2016, que gerou o mito e aí, já era tarde demais, a comoção já havia saído do controle.
Ayrton Senna, Cristiano Araújo (que a maior parte do Brasil nem sabia quem era) e agora, Marília Mendonça, jovem, talentosa, bonita, importante para seguimento cultural e artístico ao qual pertencia, mas muito distante da importância civilizatória dada pela conertura da Globo, à artista.
Triste fim do jornalismo dos Marinho. A ganância é o principal ingrediente da comoção, que muitas vezes nos destrói, como vimos até a eleição do mito. Contudo, ainda é possível analisar o desrespeito à família e outros pontos de grande desumanidade, mas o show tem que continuar.