Com alta dos preços em todo o país, auxílio do governo hoje não é suficiente para comprar nem um terço de uma cesta básica para uma pessoa.
Em todo o país, 14,6 milhões de famílias são beneficiárias do Programa Bolsa Família, criado em outubro de 2003 para combater a pobreza e a desigualdade no Brasil. O auxílio, que visa atender pessoas em situação de pobreza e de extrema pobreza no país, tem passado a ficar cada vez mais distante da possibilidade de cumprir seu objetivo.
O poder de compra para quem depende do benefício é o pior em sete anos. O valor concedido atualmente possibilita que uma família brasileira adquira para seu sustento apenas 30% de uma cesta básica completa – para uma só pessoa. Em outras palavras: quem usufrui do subsídio federal como único meio de sustento não consegue comprar sequer um terço da alimentação suficiente individualmente para um mês, quanto mais para uma família.
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a inflação aperta mais quem tem pouco ou quase nada. A pressão ocasionada pela taxa é maior entre os brasileiros com menor poder aquisitivo, em comparação aos mais abastados. Em um ano, para famílias de renda muito baixa, o índice aumentou em 10,6%; na classe de renda alta, essa elevação foi de 8%. Ou seja, quem ganha menos gasta (muito) mais.
Em 2015, começo dessa análise, o benefício permitia que brasileiros tivessem acesso à quase metade de uma cesta básica mensalmente. A crise política do país no ano seguinte, embalada pelo golpe contra a então presidente Dilma Rousseff, ocasionou aumento na inflação, que já vinha em alta por decisões do governo e pressões externas. Com isso, o subsídio oferecido pelo Bolsa Família passou a valer apenas 39,4% da cesta básica.
*Com informações do Correio Braziliense