De acordo com Otto Alencar, da CPI da Covid, houve pressa da diretoria do plano para enviar os resultados rapidamente ao presidente.
O senador Otto Alencar (PSD-BA), integrante da CPI da Covid, afirmou que os documentos em poder da comissão atestam que a diretoria da Prevent Sênior, acusada de ocultar mortes decorrentes da Covid-19, tinha pressa na realização dos estudos com hidroxcloroquina e azitromicina para enviar os resultados ao presidente Jair Bolsonaro.
Em conversa com CartaCapital, o parlamentar, que é médico, classificou o episódio como “banalização da vida” pelo grupo que, além do plano de saúde, comanda o hospital Sancta Maggiore.
Senadores da CPI receberam um dossiê com as informações de que a Prevent Sênior teria ocultado mortes de pacientes que participaram de estudo de eficácia do uso de cloroquina contra a Covid-19.
“Eles resolveram fazer com os pacientes o tratamento com hidroxcloroquina e azitromicina, sem autorização do Conep [Comissão Nacional de Ética em Pesquisa] e sem comunicar a Anvisa, O Conep mandou parar e eles continuaram fazendo. O resultado é que determinaram que todos os pacientes deveriam tomar [a medicação]”, revelou Alencar.
“Eles obrigaram os médicos a seguirem esse protocolo, numa falta de responsabilidade com os seus segurados”, acrescentou.
De acordo com o senador, a comissão “tem provas contundentes” do que ocorreu. “Por exemplo, dos pacientes internados com Covid no hospital Sancta Maggiore, 39,4% foram a óbito. No Albert Einstein, dos internados com a doença, 10,4% foram a óbito. Fizeram experiência com pacientes usando remédios ineficazes para casos graves da doença, que é a pneumonia virótica”.
Ainda segundo o parlamentar, o estudo foi feito para ser enviado a Bolsonaro. “Inclusive, pedindo pressa para atender logo o paciente porque o presidente havia solicitado [os estudos]”, denuncia.
Alencar revela ainda que, de acordo com os documentos, os procedimentos internos do hospital eram incorretos. “A diretoria chamava os contratados e estabelecia: ‘eu quero obediência, lealdade e silêncio do que está acontecendo aqui’. Tiraram a autonomia médica. Alguns profissionais trabalham sem equipamento de proteção individual”.
O senador usa como exemplo o falecimento da mãe do empresário Luciano Hang, que é ligado a Bolsonaro. “A mãe do Luciano Hang entrou lá com Covid-19 e o atestado de óbito não consta a doença. Diz que morreu por septicemia, diabetes mellitus e insuficiência renal. O atestado deveria ter Covid-19, com pneumonia virótica e que desenvolveu as complicações, mas eles nem citam isso. Teve subnotificação”.
*Com informações da Carta Capital