Não se engane: bolsonarismo em desespero perde torque e crise de ingovernabilidade se aprofunda

Não se engane: bolsonarismo em desespero perde torque e crise de ingovernabilidade se aprofunda

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Não é segredo para ninguém que Bolsonaro não governa mais, há um bom tempo. Diante da gradativa perda de controle do governo – perda esta que vai muito além do aumento da fome, dos desabrigados,  desempregados, informais e agora com a iminência de um apagão no país associado a uma crise sanitária e inflacionária na Economia, Bolsonaro continua a dobrar a aposta no tumulto. Ciente de que uma parcela da população brasileira não têm a menor cultura política de absolutamente nada (uma boa parte dos manifestantes se quer sabem o que é o Supremo Tribunal Federal), Bolsonaro tenta desesperadamente manobrar com um discurso que perde torque perigosamente.

Numa análise em um grande veículo de comunicação, uma jornalista chegou a dizer que Bolsonaro escolheu o Supremo Tribunal Federal para criar uma guerra particular porque segundo esta, “o STF é que estaria liderando o combate ao governo Bolsonaro”. Quanto engano! É claro que uma declaração deste tipo nem ao menos deve ser levada em consideração por ter sido emitida em uma empresa de comunicação que além de corresponsável por toda a situação que o Brasil se encontra desde o Golpe de Estado de 2016 não tem declaradamente compromisso algum nem com a informação, muito menos com a honestidade intelectual. E há também outros motivos para querer transparecer a ideia que o STF é que está capitaneando a luta contra o Bolsonaro, mas isso é outra análise mais profunda.

Entretanto, frases como essas podem passar ainda como verdades para muitos desavisados. E é exatamente este o erro que Bolsonaro espera que as pessoas cometam, de que realmente o Supremo Tribunal Federal é um adversário real do Bolsonaro. Em que pese questões cosméticas como prisões e decisões judiciais aqui e ali, qualquer pessoa minimamente informada sabe que Bolsonaro tem um pesadelo que não aparece ao público diretamente e não se trata de nenhum juiz do STF, Globo ou qualquer outro bode expiatório menor. A queda de popularidade do governo Bolsonaro só se aprofunda porque este percebeu que está guerreando contra o povo de um país com mais de 210 milhões de habitantes e que já sente na pele os efeitos nefastos da rota da profunda crise capitalista que atinge o país em cheio. Sem condições de tomar qualquer medida minimamente capaz de fazer a Economia decolar, Bolsonaro entra mais e mais em desespero. Ele sabe que só foi eleito porque se comprometeu com uma agenda Ultraliberal. Desta forma, não sobrou absolutamente mais nada ao genocida do que tentar criar inimigos externos que coloquem a real luta que se trava no país para uma esfera tangencial. Bolsonaro percebeu que ter se comprometido com a agenda Ultraliberal foi o grande tiro no pé. Não que Bolsonaro em si saiba o que seja “Neoliberalismo” e “Ultraliberalismo” e nem que saiba que passar por cima da crise envolve combater todas as diretrizes gravíssimas do setor financeiro contra a população do Brasil mas nenhuma aula de Economia real é tão didática quanto a dureza da realidade. Bolsonaro já tentou, ao que tudo indica, recuar em algumas medidas ultraliberais para tentar estancar a grave crise de governabilidade que se encontra e não conseguiu. Aparentemente Bolsonaro talvez até tenha avaliado que a permanência de seu governo inclusive esteja condicionada à permanência dessas políticas que atacam frontalmente a população e agradam o Capital financeiro internacional. A população, por mais manipulada que seja, por mais incapaz de entender teoricamente o que está ocorrendo no Brasil aprende muito na prática o erro grave que foi ter estendido o tapete vermelho para a Direita no Brasil.

É esta a luta que Bolsonaro enfrenta, ele está em guerra aberta contra o Brasil. Sem saber como fazer para sair de uma guerra aberta contra o Brasil, Bolsonaro apela para uma guerra imaginária com um falso nacionalismo, um nacionalismo brega,  paraguaio, com uso ostensivo de símbolos nacionais kitsch, ultrapassados e desgastados. Sobre isso inclusive, vale ressaltar que uma parte significativa da população já associou as cores da bandeira do Brasil ao que há de mais atrasado e decadente inclusive. Ninguém se esforçou mais em criar nojo da bandeira do Brasil que o próprio Bolsonaro. Mas ele consegue ainda dialogar com uma base de lunáticos terraplanistas, monarquistas, nazistas ou empresários que sabem que na ausência de um governo Bolsonaro podem perder muito dinheiro. Em grande medida, as manifestações Bolsonaristas são empreendimentos empresariais que conseguem convencer uma parte da população que não têm o menor conhecimento de nada e, em desespero, agarra o Bolsonarismo acreditando efetivamente nessa luta entre as forças do “bem” e do “mal”. É uma base irracional que, quer queira quer não, tende a perder força porque não existe maior aula do que a dureza da realidade. O empobrecimento em massa da população resultado das políticas adotadas desde o Temer e mantidas por Bolsonaro. Este empobrecimento inédito e que tende a aumentar levará o país a uma crise inimaginável. Diante disso, não há burrice que aguente, o povo brasileiro aprende muito na prática.

Diante desta crise, é necessário que a classe trabalhadora saiba de forma mais concreta o seu papel de protagonista e atue no sentido de superar o Status quo, derrubando não só Bolsonaro mas tudo aquilo que levou o país a mergulhar na mais grave crise de sua História.

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