Em meio a um dos mais nefastos golpes da história, que arrastou a democracia brasileira para uma espécie de limbo institucional, a então presidente Dilma Rousseff tentou todos os movimentos possíveis de interlocução com o congresso. As tentativas de salvar a democracia e manter o governo eleito, nos últimos passos, levou Dilma à maior armadilha de sua trajetória, entregar o poder a quem conspirava justamente para tomar o poder.
O golpe de 2016, tramado no apartamento de Rodrigo Maia, contou exatamente com a presença luxuosa de quem estava encarregado com a interlocução com congresso, Michel Temer. Além do “vampiroso” vice decorativo, estavam no apartamento, Eduardo Cunha e outros do Centrão. Naquele momento, a Cunha era o maestro da “rataiada” do baixo clero, agora, o bueiro está aberto e o baixo clero, chamado de Centrão, protagoniza o congresso.
O caso de Bolsonaro é idêntico, Ciro Nogueira assume o governo e Bolsonaro se torna a “Rainha da Inglaterra”, com suas “motociatas” e aparições do nazismo folclórico nacional. Não por acaso, Ciro Nogueira, um dos novos maestros do “bueiro” do centrão, pediu para tomar a interlocução com o Senado, onde Bolsonaro passa por um calvário na CPI da Covid.
Com isso, surge a pergunta. O que Ciro Nogueira ganharia com a queda de Bolsonaro. Simples, depende do que Hamilton Mourão, o vice que Bolsonaro atura, oferecer. No “quem dá mais” do jogo político, vence quem pode mais no futuro e Bolsonaro já parece politicamente morto, afinal, o que todos os parlamentares querem é a reeleição e quem estiver ao lado de um defunto político, dificilmente terá futuro em 2022.