Se Bolsonaro imagina que o centrão atuará como uma guarda pretoriana dentro do Congresso, está muito enganado, justamente porque é um agrupamento de interesses de velhas raposas da política das mais fisiológicas, sabe farejar como poucos um político em estado de decomposição irreversível.
Esse é o real quadro de Bolsonaro. É só observar a tropa de choque de Bolsonaro na CPI que concluirá que mudou completamente o ânimo de seus defensores do começo da CPI aos dias atuais. A defesa hoje é muito mais protocolar, até porque a CPI avança a passos largos nas investigações deixando pouca margem ou quase nenhuma para que esses senadores possam construir uma tese mínima de defesa para atenuar os impactos negativos que a CPI vem fazendo na imagem de Bolsonaro.
Na verdade, não houve um só dia em que os governistas da CPI tiveram o que comemorar. Além dos palavrórios do senador Marcos Rogério e da vermelhidão de Fernando Bezerra, os senadores do chamado pelotão de choque do Planalto não colocaram o pé na forma. Eles gastam um latim danado e não conseguem reverter coisa alguma.
Assim será a vida de Bolsonaro aqui fora, com o coro das manifestações contra ele engrossando cada vez mais.
E quando o centrão perceber que está na hora de abandonar Bolsonaro para não ganhar um abraço de afogado, podem apostar, eles, os do centrão, não pensarão duas vezes, não haverá Lira que segure os pedidos de impeachment porque sabe que ficará sozinho com a brocha na mão.
O centrão pode ser tudo, menos tolo.
Quando as manifestações se agigantarem nas ruas, e elas se agigantarão, o máximo que essa gente fará é abrir a porta dos fundos para Bolsonaro sair sem fazer muito alarde e, a partir de então, virar-se sozinho.
Bolsonaro não pode dizer que não esperava isso, afinal ele disse hoje que sempre foi do centrão.