Bolsonaro quer dizer para a sociedade que é tão ou mais forte que o Estado brasileiro. Só que, no mundo real, a sua situação é bem outra.
Pode ser até que tenha seus cupinchas no exército através de uma ponte feita por generais da reserva que atuam em seu governo, mas sua relação com o alto comando da Forças Armadas ficou mutilada depois da troca dos comandantes.
O próprio tratamento de Sergio Etchegoyen com Bolsonaro no caso de Pazuello mostra que está longe de ter essa força toda no meio militar que ele frequentemente quer demonstrar, porque Etchegoyen é alguém que tem um peso relevante dentro das quatro linhas do mundo militar.
Mas nada disse é preciso para afirmar que Bolsonaro arrota uma garantia dos militares para promover um autogolpe. Se assim fosse, não estaria nas mãos de Arthur Lira e entregando até as cuecas para o centrão, assim como não teria tomado uma sova no Senado quando tentou impedir a abertura da CPI, como também não conseguiu impor maioria na Comissão. Isso, sem falar de sua maior derrota, que foi tentar tirar Renan Calheiros da relatoria e não conseguiu sequer fazer um arranhão no relator.
O problema de Bolsonaro é outro, e ele não consegue esconder porque, junto com seus filhos, está condenado a responder na justiça se Lula lhe impuser uma derrota.
Ou seja, o futuro de todo o clã depende dos resultados das urnas, porque Bolsonaro sabe perfeitamente bem o que ele e seu clã fizeram nos carnavais passados, além do que certamente será descoberto quando o rei posto virar o rei morto sem o poder de controle das instituições necessário para respaldar sua blindagem e, com isso, não ser convocado pela justiça por diversas questões para dar explicações que desembocaram na sua causa negacionista que já custou meio milhão de vidas brasileiras.
Nada adianta Bolsonaro folclorizar sua decadência política com motociatas de pessoas ligadas a ele dentro da própria polícia.
A hostilidade que ele teve que enfrentar dentro de um avião na capital do Espírito Santo e o aumento de tom da sociedade contra seu governo, deixam isso bem claro, sobretudo a forma com que está conduzindo o combate à pandemia, aliando-se ao vírus e sabotando as vacinas, bem como o uso de máscaras, enquanto ainda pretende tratar dessa tragédia com cloroquina.
Bolsonaro, neste momento, só vê a possibilidade de produzir confusão para estabelecer a ideia de que tem como impedir a ampliação do repúdio da sociedade com os seus desmandos e a própria inércia para governar o país, já que a economia real devolveu 20 milhões de brasileiros para a miséria.
Quem seria o grande inimigo comunista que poderia colocar em risco a soberania nacional para Bolsonaro dar um golpe militar? a China? A economia brasileira é totalmente dependente da China, uma fissura que seja que interrompa as exportações para o maior parceiro comercial põe completamente todo o agronegócio contra Bolsonaro, assim como empresários como os barões do aço que exportam e lucram horrores com a China comunista.
Soma-se a isso um dos fatores mais estrambóticos de uma lambança diplomática como essa, o varejo brasileiro depende quase na totalidade das bugigangas chinesas que dão muito lucro aos varejistas. Pior, o Brasil não tem padrão para consumir quaisquer produtos americanos e europeus. Sem os produtos da China, a quebradeira no varejo brasileiro seria fatal.
Há mais uma lista enorme de motivos para afirmar que Bolsonaro blefa mais uma vez quando arrota golpe que derrubaria o país inteiro para salvar sua família. Mas basta raciocinar um pouquinho para concluir que tudo isso não passa de mais uma fraude, como foi a que lhe deu vitória com a prisão de Lula em troca de um ministério para Moro e que já foi devidamente desmascarada pelo STF quando votou pela suspeição de Moro em relação à condenação de Lula.
*Carlos Henrique Machado Freitas