Há duas graves violações legais na participação de Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde e general da ativa, na manifestação de imbecis, terraplanistas e negacionistas, em favor de Bolsonaro. A primeira, é o não uso da máscara, em plena pandemia, incluindo a promoção de aglomeração, o que configura crime contra a saúde pública. A segunda e mais grave, a participação de um militar da ativa, em uma manifestação política.
A não punição do exército ao general é um dos piores sinais possíveis para a democracia, que poderia ocorrer. O Alto Comando, ao aceitar que um general pode se manifestar politicamente e pior, participar de atos políticos, dá um direcionamento claro aos demais militares da ativa, o de que o todos os militares poderiam se manifestar politicamente, que não haverá punição. Na prática, o exército passa a ficar liberado para atuar diretamente na política, mesmo aqueles que estão cumprindo função na ativa.
Se observarmos as posições do “baixo clero” militar e, principalmente, os policiais militares, como o grande agressividade com as manifestações contra Bolsonaro e a estupidez do policial que tentou enquadrar na Lei de Segurança Nacional, um professor, por ter um adesivo em seu carro, chamando Bolsonaro de genocida, mesmo não sendo sua jurisdição, o que se desenha é o mesmo descontrole ocorrido na ditadura. Com a ruína das instituições e o direcionamento dos comandos, de que está liberado romper todas as regras, o risco começa a ser muito grande, de que a oposição ao poder estabelecido no momento, sofrerá fortemente com agressividade e violações de direitos.
Ne cenário, a sinalização do Alto Comando é de que está realmente liberado tomar partido, desde que o partido seja Bolsonaro. Se o libera geral realmente valer, o limite entre estado, governo e forças armadas, se tornará mais tênue e, portanto, mais arriscado para a democracia.
Vale lembrar que Bolsonaro já afirmou que não aceitará o resultado das urnas, caso não seja favorável a si. Em um desenho político provável, Bolsonaro não vencerá as próximas eleições e o que se prepara é uma reação similar ao que aconteceu nos EUA, na derrota de Donald Trump. Já imaginou se numa tomada do congresso, por aqui, contar com a presença de diversos militares, incluindo personagens como generais e pessoas do Alto Comando? Triste fim da democracia brasileira.