Na verdade, hoje, Bolsonaro com seus apoiadores contratados, estava justificando com a cloroquina a sua campanha e ações contra a aquisição de vacinas pelo Brasil.
Mas por que ele faz isso? Porque na próxima semana a CPI terá depoimentos do diretor presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, de Dimas Covas, diretor do Butantan e de Marta Díez, presidente da subsidiária brasileira da Pfizer. Também sobre as negociações com a Pfizer, a CPI ouvirá o ex-ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República Fábio Wajngarten. Ou seja, o assunto será a vacina e a sua sabotagem a uma ação que salvaria centenas de milhares de vidas.
E o que isso quer dizer? Quer dizer que no primeiro ato da CPI com as declarações de Mandetta, de Teich e de Queiroga, mas sobretudo da fuga de Pazuello que receitou cloroquina a mando de Bolsonaro, que o ato de insistir em receitar um medicamento comprovadamente sem eficácia, é um contraponto à aquisição das vacinas.
Para ser mais específico, Bolsonaro praticamente lançou um slogan no Brasil “quem tem cloroquina não precisa de vacina”.
Então o que interessa é prestar atenção naquilo que Bolsonaro não diz, o que ele diz é para fazer cortina de fumaça para o que ele quer camuflar.
Se ele assumiu que receitou a cloroquina como se fosse um mal menor do que a sabotagem com a compra das vacinas, falando inclusive que gravará vídeos estimulando o uso do medicamento em contrapartida à falta da vacina, entre o péssimo e o criminoso, ele optou pelo péssimo, lógico, achando que, assim, ele se descolaria do criminoso, quando, na realidade, essas duas questões são indissociáveis, porque a realidade mostra que ele, usando o cargo de presidente da República, optou por receitar cloroquina, mesmo sem qualquer embasamento científico que abone sua defesa histriônica do medicamento que, além de não ter eficácia, é altamente lesivo à saúde e que já levou a óbito muitas pessoas que fizeram uso dela com a orientação do presidente da República.
Bolsonaro sabe que o que estamos falando aqui é verdade, tanto que ele como o bufão que é, novamente disse que só Deus o tira da cadeira da presidência, o que, em outras palavras, afirma que está sim em risco de cair, revelando que sentiu o baque da primeira semana da CPI, além de apontar que o trabalho dos senadores da CPI está na rota certa e que sua deposição será o único caminho natural que vai desaguar essa enxurrada de denúncias de crimes de responsabilidade.
A CPI está apenas começando e Bolsonaro já abriu o bico. E isso pode ser um bom sinal.
*Carlos Henrique Machado Freitas