Ao entrar no IML, o deputado Daniel Oliveira recebeu um tratamento que nenhum outro deputado e até mesmo ex-presidente preso chegou a ter. Para piorar, os bolsonarista violentos na porta da sede da PF também puderam contar com uma espécie de salvo-conduto para praticar atitudes absurdas de selvageria.
Foi permitido a Daniel, que uma pessoa entrasse com ele no IML, mantendo a filmadora ligada, como forma de popularizar o momento da prisão por mandado do STF. A estratégia adotada pelo deputado foi o de popularizar o fato e se mostrar vítima de quem ataca o tempo todo. Já a PF permitiu essa regalia sem qualquer alegação jurídica ou embasamento legal.
A filmagem então, capturou cenas de grosseria e estupidez do deputado, em ato de desacato à autoridade, principalmente por se tratar de uma mulher. As falas no estilo “você sabe com quem está falando?”, deveriam ser inseridas nos autos do delegado, em forma de denúncia de desacato. O delegado em questão afirmou não ter identificado o desacato. Fica a pergunta, a forma como Daniel se comportou pode ser repetido, então, por qualquer cidadão comum?
Já na porta da sede da PF do Rio de Janeiro, apoiadores bolsonaristas do deputado espancaram um rapaz que segurava uma placa em defesa da memória de Marielle Franco. Vale lembrar que o referido preso foi autor da quebra da placa da rua Marielle Franco, nas eleições de 2018, em companhia do já cassado governador do RJ, Wilson Witzel.
Foi permitido ao deputado, inclusive, dar entrevista na viatura que o levou preso e foram encontrados dois celulares na sala onde Daniel está preso.
O problema principal é que a condescendência dos policiais demonstra simpatia pessoal pelas falas de Daniel Silveira, em ataque à democracia e à vida dos ministros do STF. A negligência com a lei, por parte dos policiais demonstra que a instituição Polícia Federal pode já estar comprometida pelo aparelhamento produzido pelo presidente Jair Bolsonaro.
Há, ainda, outro aspecto importante, a subjugação da instituição pela vontade e o apreço pessoal do policial. Esse é um fato que mostra o quão contaminado o estado já está e como será complicado retroceder do estado atual de ruptura democrática branda, para o retorno à normalidade institucional.
Vale ressaltar que talvez a STF tenha caído num arapuca e que o deputado tenha desejado empurrar a Suprema Corte para um conflito institucional entre Judiciário, Legislativo e Executivo. Se o Congresso não contraria o Supremo, tudo continuará como antes, numa espécie de anormalidade normal, coso contrário, o conflito estará estabelecido.
Resta ainda, a forma como os bolsonaristas policialescos vão reagir daqui para frente e a reação do ex-ministro da educação Abraham Weintraub já mostrou, ao elogiar o deputado bombado, com músculo no lugar do cérebro.