A matéria de uma múmia desenterrada pelo Estadão, chamada Denise Frossard, ex-política juíza, é emblemática diante da sofreguidão de uma mídia que fez parte de um trançado operado pela Lava Jato.
A coisa é tão séria que hora nenhuma se vê nas conversas entre Moro e procuradores, vazadas pelo STF, os mesmos do bando de Curitiba preocupados com a lei, com a constituição. Todos os passos que eles davam era em direção à mídia e como o fato poderia ser repercutido no JN e afins para que a lei levasse um bico diante da opinião pública e o linchamento inevitável daria a Moro e aos procuradores garantias de uma lei na terra de Malboro.
Por isso, convocaram a mumificada Frossard que sempre foi cinismo em estado puro. E a ex-juíza, já na chamada, mostra a que veio. “Eu conversava com os promotores? Claro que sim”, pergunta e responde a própria ex-juíza.
Segundo a inacreditável figura, é risível, dando por barato, a tempestade que se quer fazer com a suposta conversa entre promotor e juiz. Uma defesa tosca dos criminosos da Lava Jato, o que se deve ler nessa frase de Frossard é que é uma grande bobagem um juiz ou os promotores e suas convicções serem reduzidos a cumpridores da lei, a respeitadores da constituição. O que vale, são as teses pessoais.
A cínica ainda diz que recebia promotores e advogados para dar leveza ao cotidiano tão duro dos tribunais. O resto do “inocente artigo” da “inocente juíza” é somente um pastiche da mídia de quem não aceita em hipótese nenhuma que apostou num cavalo paraguaio que se transformou numa mula manca.
O mesmo pode-se dizer de um outro e insistente artigo de Josias de Souza, na Uol, em que o mandrião tucano arrasta um vagão às avessas, numa malandra e indolente preguiça proposital de quem insiste em dizer, que se é contra Lula, vale tudo. Basta que se tenha a convicção de Dallagnol ou a evidência do próprio Josias sobre os crimes de Lula.
Não precisa de provas, de lei, de constituição. Lula deve ser linchado, esmagado e salgado a olho nu, simplesmente pelo fato de ser Lula. Isso já basta para quem nutre um ódio que solta baba pelos dedos na hora de escrever um artigo.
O inconformismo dessa gente, que sempre soube da parcialidade da Lava Jato, é infinito e, por isso mesmo tratou Moro como herói das mãos e pés imundos com grande busto de bronze, por assumir a dianteira de enfiar a mão na merda para vingar as quatro derrotas consecutivas que Lula impôs à escória dominante desse país.
Para piorar, o povo ainda teve a audácia de dar 87% de aprovação a Lula no final de seu segundo mandato. Aí não há ódio de classe que consiga se conter diante de tamanha ofensa.
Denise Frossard diz que não vê crime algum em um juiz rasgar a constituição. Já Josias de Souza até acha que isso foi um crime de Moro, mas não o suficiente para colocá-lo numa condição de parcialidade e, consequentemente, assumir que Lula jamais teve um julgamento minimamente ético, seguindo todos os trâmites da lei. E não teve, porque por esse caminho jamais seria condenado por crimes que jamais cometeu.
*Carlos Henrique Machado Freitas