Se já havia a construção de um discurso que desarmava a imagem de Sérgio Moro e da Lava Jato, acontecendo antes mesmo do julgamento da suspeição de Lula e da liberação dos dados da operação spoofing, para a defesa dos ex-presidente, agora, a situação parece bastante favorável à anulação de seus processos.
Há alguns elementos muito claros para a absolvição de Lula, no STF, que abrem caminho para sua candidatura, em 2022.
- Processo com condenação por ato indeterminado, segundo palavras do próprio então juiz Sérgio Moro.
- Eleição de Bolsonaro causado pela Lava Jato, com ascensão de Moro ao Ministério da Justiça, saindo direto de um juizado e primeira instância.
- Suspeição de que Moro demoveu Lula da eleição ao qual venceria em primeiro turno, para ser recompensado com uma nomeação ao STF.
- Acordo não cumprido por Bolsonaro e crise de arrogância de Moro, ao sair sem aceitar ordens do presidente.
- A Vaza Jato tem mensagens atestadas pela Polícia Federal que, agora, é comandada por um bolsonarista.
- Nomeação de Nunes Marques, que escancarou a guerra entre Bolsonaro e Moro. Para destruir Moro, Bolsonaro tem que acabar com a Lava Jato e para isso, precisa inocentar Lula.
- Ricardo Lewandowski/STF liberou os documentos da operação Spoofing, com dados envolvendo todas as conversas e demais provas contra Moro e Dallagnol, que agora, serão utilizados como provas válidas no pedido de suspeição do então juiz, Sérgio Moro, a ser julgado em Fevereiro.
- Briga no seio da extrema-direita que rachou entre Moro e Bolsonaro.
- Fiasco do lavatismo no poder, simbolizado pela estupidez bolsonarista. A situação tem sido encarada por muitos, como tendo Lula como única saída para pacificar e reorganizar o país.
- Sérgio Moro sofreu perda progressiva na sua imagem entre os ministros do STF.
- O próprio Bolsonaro já admite que Lula pode ter sofrido injustiça.
- Atualmente, a PGR é liderada por um pau-mandado de Bolsonaro, que tem interesse, como dito em item anterior, que almeja destruir a Lava Jato/Sérgio Moro.
- Permissão de acesso à defesa do ex-presidente Lula, ao acordo de leniência assinada entre a Odebrecht, OAS e o governo.
- Acesso aos dados do acordo da Petrobras com investidores americanos.
- Gilmar Mendes, agora, com momento contrário e Sérgio Moro, quer correr pra marcar o julgamento.
Certamente, esses itens não são únicos, ou seja, há outros elementos importantes que podem levar a absolvição do ex-presidente Lula, pelo arquivamento do processo ilegal na Lava Jato. Mas, é importante ressaltar as recentes permissões de acesso a dados de processos pertinentes ao ex-presidente, que só ocorreram há poucas semanas.
O bloqueio do acesso aos dados do processo, que é totalmente ilegal, não permitia a livre defesa do ex-presidente e, por isso, já configura motivo suficiente para anulação do processo. Agora, os advogados têm ampla possibilidade de refutar com provas materiais as teses que condenaram seu cliente e mais, há argumentos suficientes de ocorrência de diversas ilegalidades que serão denunciadas no âmbito do recurso especial e extraordinário.
Notando se tratar de um momento amplamente desfavorável a Moro, corre para marcar o julgamento no STF, ainda para Fevereiro. Há a certeza de que Nunes Marques votará pela suspeição do ex-super-juiz da Lava Jato, dado o perfil garantista do novo ministro do supremo.
Trata-se de um momento ímpar de refluxo da Lava Jato, que pode destruir a invasão branca que o país sofreu desde 2014, que culminou no golpe de 2016 e na ascensão de um paspalho truculento à presidência da República.