Esmael Morais: O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) demitiu nesta quarta-feira (9/12) o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. Quem deve assumir o cargo é o atual presidente da Embratur, Gilson Machado.
Álvaro Antônio esteve no cargo por pouco mais de 1 ano e 11 meses, tendo ingressado no governo em 1º de janeiro de 2019.
O agora ex-ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio sobreviveu a acusações de que patrocinara candidaturas-laranjas nas eleições de 2018, a um indiciamento da Polícia Federal e à denúncia do Ministério Público de Minas Gerais por envolvimento no esquema (leia mais abaixo). Ele acabou derrubado por conta de uma mensagem enviada em um grupo de WhatsApp que reúne ministros do governo de Jair Bolsonaro.
Na mensagem, Álvaro Antônio acusava o colega chefe da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos, de ataques “sem parar” a conservadores, “de forma covarde”. Estava inconformado com o que identificava como movimentos do general da reserva para tirá-lo do cargo na reforma ministerial que vem sendo gestada na Planalto para o próximo ano. Leia a íntegra aqui.
Denúncia por candidaturas-laranja
Em 2019, o Ministério Público Eleitoral de Minas Gerais denunciou Álvaro Antônio por crimes envolvendo candidaturas-laranja do PSL em 2018. O indiciamento do ministro pela Polícia Federal ocorreu devido ao crime eleitoral de omissão na prestação de contas, e também em razão do crime de associação criminosa.
Pela investigação, o partido inscreveu candidatas sem a intenção de que elas fossem, de fato, eleitas. Isso porque o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu que pelo menos 30% dos recursos do fundo eleitoral devem ser destinados a candidaturas femininas.
Marcelo Álvaro Antônio é citado em depoimentos na investigação sobre o uso de candidaturas de mulheres na eleição de 2018 para desvio da verba eleitoral no estado.
Segundo inquérito da PF, ele “era e ainda é o ‘dono’ do PSL mineiro”. À época dos crimes apontados, Marcelo era o presidente estadual do PSL, partido do presidente da República, Jair Bolsonaro.
No indiciamento, a PF afirma que o então presidente do PSL em Minas “possuía o total domínio do fato, controle pleno da situação, com poder de decidir a continuidade ou interrupção do repasse de recursos do fundo partidário”.
Desde o início da investigações, Álvaro Antônio nega as acusações.
Trocas no governo
Com a demissão de Álvaro Antônio, esta passa a ser a 15ª troca no primeiro escalão do governo Bolsonaro. Relembre abaixo:
• 18 de fevereiro de 2019 – Secretaria-Geral da Presidência: Gustavo Bebianno é substituído por Floriano Peixoto Vieira Neto;
• 8 de abril de 2019 – Educação: Ricardo Vélez Rodríguez é substituído por Abraham Weintraub;
• 13 de junho de 2019 – Secretaria de Governo: Carlos Alberto dos Santos Cruz é substituído por Luiz Eduardo Ramos;
• 21 de junho de 2019 – Secretaria-Geral da Presidência: Floriano Peixoto Vieira Neto é substituído por Jorge Antonio Oliveira;
• 6 de fevereiro de 2020 – Desenvolvimento Regional: Gustavo Canuto é substituído por Rogério Marinho;
• 13 de fevereiro de 2020 – Casa Civil: Onyx Lorenzoni é substituído por Walter Braga Netto;
• 13 de fevereiro de 2020 – Cidadania: Osmar Terra é substituído por Onyx Lorenzoni;
• 16 de abril de 2020 – Saúde: Luiz Henrique Mandetta é substituído por Nelson Teich;
• 24 de abril de 2020 – Justiça e Segurança Pública: Sergio Moro é substituído por André Luiz Mendonça;
• 28 de abril de 2020 – Advocacia-Geral da União: André Luiz Mendonça é substituído por José Levi Mello do Amaral Junior;
• 15 de maio de 2020 – Saúde: Nelson Teich é substituído por Eduardo Pazuello;
• 16 de junho de 2020 – Comunicações: Bolsonaro recria pasta, desmembrada do MCTIC. Fabio Faria é nomeado para o cargo;
• 18 de junho de 2020 – Educação: Abraham Weintraub é substituído por Carlos Alberto Decotelli;
• 30 de junho de 2020 – Educação: Decotelli é substituído por Milton Ribeiro.