O maior engano que os moradores da região oeste da cidade do Rio de Janeiro, foi quando presumiram que um grupo de PMs e ex-PMs formando uma milícia civil, mesmo cobrando uma espécie de serviço pela segurança, seria menos pior que o tráfico de drogas. Hoje, quando a milícia carioca ocupa 60% do território do Rio, o que se vê é algo surreal, um grupo de pessoal altamente violentas, cruéis, com treinamento do próprio estado, não só cobrando o tal serviço de segurança, enraizado no governo, com financiamento baseado na coerção monopolista do mercado de gás, água e até supermercados e que começam a explorar o tráfico de drogas.
Se o tráfico tinha fácil solução, bastando apenas regulamentar o consumo e o comércio de drogas recreativas, a milícia se financia do processo capitalista, portanto, muitíssimo mais difícil de resolver.
Com enraizamento profundo no estado, a milícia é capaz de emplacar secretários de segurança, governadores e até mesmo, um presidente capitão.
Enquanto o tráfico é formado nos morros, em geral por jovens sem qualquer formação militar, a milícia tem curso de tiro da escola da próprio PM e, em alguns casos, do próprio exército. A milícia não se vale apenas de morros ou favelas, ocupa bairros de classe média baixa, onde entraram, inicialmente, com apoio local de comerciantes, em geral profundamente ignorantes e veladamente violentos.
O pior cenário se desenha para a cidade do Rio de Janeiro, uma polícia “milicializada” e uma milícia tomando o mercado do tráfico. Porém, com ramos diversificados da economia, em atividades em que o monopólio foi imposto pela força, sua atividade de assemelha, em muito, à máfia no sul da Itália.
O tráfico já foi chamado de estado paralelo, mas, paralelo mesmo, a milícia, pode, até mesmo, se expandir e subjugar o estado, em um espaço de alguns anos. Aí, não só o carioca, mas, o Brasil terá saudade dos tempos do traficante convencional.