A exemplo do Brasil, diversos países que já passavam por forte dificuldade econômica e fiscal, tiveram sua dívida pública, em relação ao PIB, explodirem, no combate à pandemia. Por aqui, a dívida pública deve extrapolar o 100% do PIB, até o final de 2021, em um exemplo claro de que as dívidas se tornaram impagáveis e já escravizam os povos, em nome de rolagens de dívida com juros flutuantes, aos quais fazem com que essas mesmas dívidas, já pagas nominalmente, se tornam eternamente impagáveis.
A situação global é tão grave, que até economistas hortodoxos já falam em dar um “reset” ou um “reboot” na economia mundial. A questão é, como seria seria esse reinício de tudo?
Nada será válido se não for em direção ao ser humano, reduzindo os ilimitados poderes do mercado financeiro, com regulação mundial dos capitais e uma nova e unificada forma de cobrança de impostos, em um sistema de compensações financeiras que seja capaz de reduzir as desigualdades em todo o planeta. Para isso, não adianta retomar o mesmo fiasco de ampliar a produção, para reduzir a relação divida/PIB, em uma fórmula baseada no consumismo e abandono das relações humanas, de afeto e de empatia.
Na outra ponta, essa nova realidade capaz de refundar a humanidade, também deve ser capaz de influenciar o mundo a construir uma realidade, em parte para essa geração e na totalidade, para a próxima. Cabe à humanidade atual algo que ela jamais teve, ser menos egoísta e buscar salvar a si mesma, sem olhar individualmente para si, mas, para os que ainda virão. Mas, como conscientizar uma sociedade como a brasileira tão excludente e incapaz de se enxergar coletivamente?
A covid-19, por sua vez, matou os conceitos antigos de neoliberalismo e globalização financeira. A partir disso que se deve pensar em “reset mundial”. Por que uma certeza emerge da pandemia, “tudo que é sólido, se desmancha no ar”.