Não interessa que a população não saiba que foi a esquerda quem conseguiu impor goela abaixo de Bolsonaro o auxílio emergencial de R$ 600 que deu a ele algum chão que havia perdido, justamente porque não conseguiu qualquer apoio do povo em seus 20 meses de governo.
Se parte da esquerda está desolada com o Datafolha, a direita clássica está sem cor, anunciando a falência do governo Bolsonaro.
A obsessão dessa gente pelo Estado mínimo para os pobres é uma doença. Isso faz parte da personalidade mística das classes opulentas no Brasil. Por isso a vitória temporária de Bolsonaro numa pesquisa do Datafolha deixou de cabelo em pé a direita apaixonada por Guedes, que ameaça deixar Bolsonaro se ele continuar a seguir a linha mestra da esquerda, com programas sociais que tragam qualquer benefício a uma legião de pobres e miseráveis nesse país.
A direita não está interessada no ganho político de Bolsonaro, mas em privatizações, cortes orçamentários e um calhamaço de regras neoliberais que Bolsonaro, segundo ela, já abandonou.
É praticamente unanimidade na direita, principalmente entre banqueiros, rentistas e grandes empresários que Guedes já foi para a frigideira e está para pular fora do governo ou mesmo ser pulado por Bolsonaro.
Bolsonaro é pragmático, está enrolado, tem uma família de criminosos e todos os dias pipoca uma notícia nova que envolve a organização criminosa da família que, como mostram os fatos, ninguém se salva. E se isso não importa para os endinheirados, apavora Bolsonaro, porque basta pegar um de seus filhos que o chão dele desaparece de vez. E como ele sabe onde seu calo aperta, está tentando um meio termo impossível entre os interesses da classe dominante e a sobrevivência dos mais pobres.
E é aí que a porca torce o rabo, porque a reação da pesquisa Datafolha mostrando Bolsonaro com a popularidade crescente em função do auxílio emergencial, azedou o fígado de um número infinitamente maior dos abutres da direita do que alguns apressados da esquerda que andam apavorados com a sua “melhora” nas pesquisas.
*Carlos Henrique Machado Freitas