Há uma legião de revoltados com a vida pessoal dando sopa na praça. São pessoas à procura de um Cristo qualquer para malhar, isso nada tem a ver com a condição social, mas com a forma de entender a vida. Então, essas pessoas que não demonstram um pingo de compaixão com as dezenas de milhares de mortos por Covid-19 no Brasil têm que alimentar o seu ódio cotidianamente, como uma horda de fanáticos beligerantes, vão sustentar seu ódio sempre. Antes, eram todos Moro, Cunha, Aécio, Collor, etc. e, hoje, com Bolsonaro, mas também Roberto Jefferson, Centrão e Queiroz.
O estímulo sistemático que mantém um marasmo no ambiente vindo da mídia com sua força de comunicação de massa, não vai se modificar. O mesmo rebanho que gravita como satélite em torno da Globo à caça de uma apoteose trágica e intensa, seguirá sendo organizado pelos barões da comunicação.
Essa pessoas são como boi de corte e sofrem influxos mentais desmensurado. A isso não se pode nomear de direita ou de extrema direita, sequer esse valor histórico negativo e o amargão coletivo podem ser considerados. São ovelhas que vivem de ficções forçadas e se tornam irredutíveis na própria fantasia conspiratória que criam ou compram para moldar seus miolos movediços.
Não é pela concepção ideológica, mas sim pelo ódio que esse bonde caminhará.
O que se tem a fazer é um trabalho bem organizado que mobilize as trincheiras a partir das camadas mais pobres da população, das mulheres, dos jovens, dos negros e de todos os grupos segregados, porque a esquerda já mostrou que não abandona seus sonhos. Sua resiliência depois do golpe em Dilma, de tão cristalizada, comove.
Dá sim para se sonhar com um Brasil muito melhor, para tanto há que se mergulhar cada vez mais num universo que permita que as ideias ganhem as mentes, porque, na outra ponta, não tem ninguém interessado em debater política, mas sim estimular sentimentos de ódio e vingança por pura frustração pessoal.
*Carlos Henrique Machado Freitas
Pedro Motta de Barros
agosto 6, 2020 at 4:33 pmConcordo em termos. É mister, sim, construir um roteiro histórico-teleológico como meio de luta contra a alienação geral forjada por fatores como competição insana, ressentimento compulsivo, impulsos predatórios, acumulação desenfreada de riqueza abstrata, produção pela produção e expropriação do trabalho excedente dos outros. Urge articular essa legítima intuição intelectual emancipatória com a autorreflexão teórica que tenha um conteúdo consistente: a perspectiva possível de implantação de um modo de produção alternativo ao que está dado aí: a economia solidária. Mas isso exige estudo, lucidez e coragem, o que dá trabalho. Há quem prefira os caminhos mais cômodos da imprecação e da queixa pueril, inobstante bons exemplos em prática: Estas Palavras, Opera Mundi, Carta Capital, Magazin Jacobin etc. Basta ocupar o terreno, e não ciscar para fora feito galináceo.